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Há um fosso entre a Justiça e o cidadão

O Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) vem pesquisando novos  endereços para abrigar as varas da Capital e da Serra. No caso de Vitória, o plano do TJES é transferir os fóruns Cível e Criminal do Centro para a Praia do Canto ou Enseada do Suá. Já na Serra, o tribunal quer transferir as 12 varas que funcionam na sede do município para o Jardim Limoeiro.
 
Nos dois casos, as mudanças dos fóruns de Vitória e Serra têm um propósito: facilitar a vida dos magistrados em detrimento dos interesses do cidadão. O cidadão, que é quem paga o serviço público, nunca foi prioridade para o Judiciário. 
 
Na Serra, a população se mobiliza para evitar que o fórum deixe a sede do município e se mude para Jardim Limoeiro. O temor de moradores e comerciantes serranos é que a trasnferência das 12 varas esvazie o comércio da região, que foi ordenado a reboque dos órgãos públicos fixados na sede do município.
 
A situação dos comerciantes e moradores da Praia do Canto é ironicamente oposta. Eles não querem que os fóruns se instalem no bairro. Um dos endereço preferidos dos togados é a Saturnino de Brito, mais precisamente no Sheraton – um dos hotéis mais luxuosos da Capital. 
 
A Associação de Moradores da Praia do Canto alerta sobre os impactos que os fóruns causariam à mobilidade urbana, que já sofre com o adensamento da região. Notícia publicada no jornal A Gazeta aponta que os fóruns atrairiam mais de quatro mil pessoas diariamente para a Praia do Canto. Os moradores exigem que o assunto seja amplamente discutido antes de o tribunal tomar qualquer decisão. 
 
Na Serra a insatisfação é sempre no sentido inverso. O movimento para manter as varas na sede do município vem sendo puxado pelo próprio prefeito Audifax Barcelos, que foi para as ruas nesta segunda-feira (21), junto com os moradores, pedir a permanência do Fórum Desembargador João Manoel de Carvalho na Serra sede. No final da tarde, o presidente do TJES, desembargador Sérgio Bizzotto, garantiu por meio de uma nota que a mudança seria apenas provisória, enquanto o atual prédio é reformado.
 
Tanto os moradores da Serra sede quanto os da Praia do Canto ficam com os dois pés atrás ante as promessas do Judiciário. Os serranos porque sabem que os juízes são relutantes à distância de cerca de 25 km que separa a sede do município de Vitória – endereço residencial de nove entre dez juízes; já os moradores da Praia do Canto sabem que seus vizinhos farão de tudo para morar perto do trabalho. Afinal, quem não sonho em ir caminhando para o trabalho?
 
A polêmica em torno das mudanças dos fóruns vai além dos endereços. Representa o fosso que há entre a Justiça e o cidadão, que se expressa simbolicamente nesse distanciamento físico.
 
O cidadão continua pagando caro por uma Justiça selada, morosa, burocrática e cada vez mais distante do povo, em todos os sentidos.

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