“O Programa Entre Comunidades busca interagir, ser perpassado pelas dimensões humanas do fazer coletivo e, a partir desse entrelaçamento constitutivo, desenvolver e promover ações de empoderamento e reconhecimento. O que veremos nesta exposição fotográfica comemorativa de 10 anos do projeto – trazidas por esse movimento de compartilhamento recíproco – são imagens de dimensões simbólicas sagradas, de pessoas que resistem e lutam para defender e expressar sua humanidade, mesmo diante da monstruosidade pasteurizadora da cultura midiática e, na maioria das vezes, da indiferença e do descaso oficial”, relatou em um texto na internet Fraga Ferri, que entre suas ocupações, é um dos parceiros do Entre Comunidades.
O Entre Comunidades é um programa de extensão da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) em atividade há dez anos. Abrangente, ele envolve diversas ações, como mostras de cinema, curso árabe, aulões e uma espécie de acompanhamento dos grupos de Congo do Estado. “A gente trabalha, sobretudo, com a cultura popular, que inclui o Congo das comunidades quilombolas de São Pedro e rural de Piabas, ambas em Ibiraçu, e com a comunidade Reis dos Bois, de São Mateus. Nosso trabalho é realizar ações nessas comunidades e auxiliá-los na preservação de suas tradições. Somos nós que os ajudamos a inscrever projetos nos editais de cultura, em particular com o Congo de Piabas e São Pedro. Quando eles ganham o prêmio, nós que assessoramos e os levamos para comprar seus instrumentos, roupas, tudo isso”, conta Marlene Martins, coordenadora do programa.
Marlene foi quem citou Fraga Ferri, pedindo com admiração que acessasse o relato dele. É Marlene também quem conta como foi a abertura da mostra que, além de comemorar os dez anos do programa, gera visibilidade para as comunidades envolvidas, com a finalidade de valorização para a cultura do congo que tem resistido bravamente ao longo dos anos.
“Estamos sempre presentes nas festas deles, de São Sebastião, São Benedito, entre outras. Frequentamos também as missas e, dessa forma, registramos tudo a partir de fotos e vídeos, fazemos isso para que eles tenham essas informações, possam se enxergar a partir das nossas visões também. Por vezes, revelamos fotos e entregamos a eles. O que aconteceu foi que, neste ano, ganhamos um prêmio no valor de R$ 5 mil, da Pró-reitoria de Extensão, em formato de edital. Resolvemos então realizar uma mostra fotográfica com essas fotos registradas nos últimos anos acerca da cultura dessas comunidades, para mostrar para o público capixaba um pouco da rotina cultural desses grupos”, detalha Marlene Martins.
A mostra em questão é a Presença nas Comunidade Tradicionais, aberta na última quinta-feira (17), no salão do andar inferior da Assembleia Legislativa. A princípio foram escolhidas 45 fotos para compor a exposição, entretanto, para enquadrar no orçamento foi preciso reduzir para 30 fotografias. As fotos são de diversos parceiros, em suma, do acervo do Programa Entre Comunidade. Aliás, a Assembleia foi escolhida, em primeiro momento, por ter sido o primeiro lugar a ceder espaço. Contudo, a proposta é de que a mostra circule por diversos espaços, como a própria Ufes e, claro, pelas comunidades que incubam os grupos de congo.
A abertura contou com a presença de integrantes do Grupo Reis de Boi, além de apresentação de duas bandas mirins de congo. “O momento de abertura foi divino, alguns integrantes do Grupo Reis de Boi vieram para homenagear, foi de uma emoção ímpar. Eles se viram refletidos nos fotos, procuravam por eles em cada uma delas, foi realmente muito gratificante. Esses momentos são importantes para eles se valorizarem e entenderem a importância da cultura deles para nosso Estado”, disse Marlene Martins.
A exposição de fotos ficará na Ales até o dia 9 de outubro de forma gratuita.
Serviço
A Mostra Fotográfica Presença nas Comunidade Tradicionais, realizada em pelo Programa Entre Comunidades, está em exposição no salão do andar inferior da Assembleia Legislativa – avenida Nossa Sra. dos Navegantes, 205, Enseada do Sua, Vitória. A entrada livre.