A ação foi duramente criticada por alunos e membros da sociedade acadêmica por reforçar o preconceito e a discriminação contra essas religiões.
Na nota, o Sintufes reconheceu que os símbolos não deveriam ter sido usados e pediu despuldas a todos que se sentiram ofendidos, a cada pessoa adepta dessas religiões, assim como a todos os segmentos do movimento negro e de direitos humanos do Estado e do País que militam contra o racismo e a intolerância religiosa. “Entendemos que não basta apenas pedir desculpas. Estaremos atentos para que isso não se repita”, diz a nota.
“Acreditamos que as religiões de matriz africana são importantíssimas na luta pela eliminação do racismo, uma vez que estão ligadas à origem dos povos africanos e são instrumentos que contribuem para a valorização dessas origens”, continua a nota, acrescentando que a entidade tem militância histórica junto ao movimento negro ando apoio político, financeiro e estrutural aos diversos grupos parceiros.
O Sintufes salientou que, embora outras atividades tenham sido realizadas nesta terça-feira – como um cortejo fúnebre simbolizando os prejuízos que os cortes promovidos pelo governo federal geram na educação e na saúde públicas – não minimiza o equívoco ao utilizar elementos de religiões de matriz africana.
Repúdio
Ainda na tarde desta terça-feira, os professores do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e pesquisadores sobre Religiões Afro-brasileiras da Ufes divulgaram nota de repúdio à Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra) e ao Sintufes expressando a indignação com o ato público.
Eles consideram que a apresentação destes objetos, histórica e socialmente vinculados às religiões de matriz africana para demonizá-las só reforça o racismo, o preconceito e o desrespeito de que estas religiões têm sido vítimas desde o surgimento no País. “Manifestamos nosso repúdio a este tipo de atividade dentro de nossa instituição e acreditamos que com ações deste tipo o sindicato de trabalhadores só consegue se distanciar de parte da comunidade universitária que está sendo agredida em suas convicções religiosas”, diz a nota.
Os professores também ressaltam que em um contexto nacional de racismo e intolerâncias é constrangedor se depararem com a ação, que reforça múltiplas esferas de preconceito e ódio entre os grupos religiosos. “Considerando um panorama em que a Lei 10639/03 não tem sido implementada na rede de ensino, inclusive nas universidades, é flagrante a necessidade de qualificação de todos os segmentos da universidade, inclusive dos servidores, acerca da história e cultura africana e afro-brasileira. Devemos todos combater o racismo e a intolerância religiosa que vem causando graves danos à cultura afro-brasileira”.
A nota salienta que a Constituição Federal consagra como direito fundamental a liberdade de religião, prescrevendo que o Brasil é um país laico. “Com essa afirmação queremos dizer que, consoante a vigente Constituição Federal, o Estado deve se preocupar em proporcionar a seus cidadãos um clima de perfeita compreensão religiosa, proscrevendo a intolerância e o fanatismo, devendo, porém, o Estado prestar proteção e garantia ao livre exercício de todas as religiões”.