As declarações contemporizadoras da secretária municipal de Desenvolvimento da Cidade, Lenise Loureiro, aos jornais dessa terça-feira (6), segundo as quais o Integra Vitória com o tempo será “entendido e aceito”, dão a medida de como a Prefeitura de Vitória está descolada da realidade dos bairros carentes da cidade. Esta quarta-feira (7) amanheceu com protestos contra o projeto em Ilha do Príncipe e Itararé. Bairros organizam abaixo-assinados e reuniões com a prefeitura.
Em suma, o pedido é pelo cancelamento do Integra Vitória e o retorno do antigo sistema. Mas, por ora, a prefeitura só acena com ajustes e insiste que o projeto é bom para a cidade.
A mobilização mais incisiva aconteceu na Ilha do Príncipe. A partir das 6h30, entre 50 e 100 moradores fecharam uma parte da Avenida Elias Miguel. A comunidade reivindica a normalização do sistema, com o retorno das 031 e 101. A linha 042, do novo sistema, não contempla os moradores.
“Aquelas linhas já atendiam muito bem o bairro. O projeto foi imposto para a gente. Até pedimos desculpas para a população, mas temos que chamar atenção para o problema”, diz o presidente da associação de moradores do bairro, Lucas Barreiro. Um abaixo-assinado recolheu 400 assinaturas nessa terça-feira (6) e já foi protocolado na prefeitura com as reivindicações dos moradores.
Segundo Lucas, a comunidade espera uma resposta até esta quinta-feira (8). Do contrário, os protestos podem continuar.
Em Itararé, cerca de 250 moradores se reuniram na Rua das Palmeiras entre 7h e 9h. Os moradores pedem a volta das linhas 031, 031A, 051 e 052, substituídas pelas linhas 018 e 020. Nessa terça-feira um abaixo-assinado com 300 assinaturas já circulava pelo bairro.
Em Jesus de Nazareth, moradores convocam um protesto para esta sexta-feira (9), a partir das 6h, em frente ao Instituto Luiz Braille, na Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes. O bairro ficou sem a linha 102. Os moradores dizem que não houve informações sobre a implantação do Integra Vitória.
Em Resistência, uma reunião entre moradores e representantes da Prefeitura de Vitória está marcada para as 19h30 desta quarta-feira (7) no Movimento Comunitário do Bairro Resistência. O presidente do movimento comunitário, João Batista Venâncio da Silva, diz que a prefeitura está oferecendo uma linha expressa. “Mas a comunidade não vai aceitar. Ela quer o retorno das antigas linhas”, diz.
As antigas são as linhas 332 e 333, substituídas pela linha 022, que descontentou os usuários. Um abaixo-assinado com 320 assinaturas será protocolado na prefeitura. Outro com 400 assinaturas ainda circula no bairro. O pedido, aqui, também é a volta do antigo sistema.
“Já era para ter voltado. Não é só em Resistência, é na cidade toda. Não sei por que eles estão insistindo nisso”, diz, sobre as críticas ao Integra Vitória.
Desde segunda-feira (5), críticas ao Integra Vitória, projeto de integração do transporte municipal da prefeitura, tomam a cidade. O prefeito de Vitória Luciano Rezende (PPS) mudou por decreto o transporte público da cidade. “Eles vieram aqui no bairro e entregaram cartilhas. Mas entregar cartilha não é o suficiente”, afirma Batista.
O exemplo de Resistência serve para o restante da cidade: a mudança veio sem diálogo.
