Sérgio Blank é um poeta “deixado de lado pelo eixo Rio-São Paulo”, conta Deny Gomes, no site literário local Tertúlia, Livros e Autores do Espírito Santo. Um poeta que, apesar de ter reconhecimento local, ainda não é o reconhecimento à altura de sua obra e sua poesia. Um poeta, também, que diante da riqueza da sua obra, encabula muita gente que se pergunta o porquê de não lançar mais livros.
A primeira publicação de Blank foi em 1984, com o livro Estilo de ser assim, tampouco; três anos mais tarde ele lançava Pus; Um, no ano seguinte, em 1988; em 1993, A tabela periódica; e, em 1996, Vírgula, o livro que marcaria seu hiato – e que, de certa forma, ainda é – por quase duas décadas. A quebra do silêncio de Blank só veio em 2011, quando o poeta retornou à ativa numa junção de toda a sua obra poética já publicada e lançou Os dias ímpares, publicado pela Editora Cousa – um livro que apresenta para as gerações atuais a forma de escrita de Blank e, inclusive, é uma das indicações de leitura do vestibular da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) atualmente.
Com o intuito de resgatar toda essa obra, entender as curiosidades da escrita de Blank e apresentar a importância dos poemas do escritor, o professor de literatura e diretor Jorge Ribeiro lança, na próxima sexta-feira (9), a partir das 18h, no Cine Metrópolis da Ufes, em Goiabeiras, o documentário Risque meu nome do Mapa. A entrada é livre.
Jorge Ribeiro conta que, por morar em Cariacica, sempre topou com Blank pelas ruas; além de, claro, ser um apreciador de sua obra enquanto professor de literatura. “Fiz um cineclube na escola em que leciono e, conversando com os alunos, levantamos a possibilidade de fazer um documentário sobre o Blank. Isso por volta de 2013. No ano seguinte a ideia vigorou quando resolvi abraçar de vez o projeto junto com a documentarista Juliana Gama”, conta ele.
A proposta foi convidar amigos do poeta, assim como professores admiradores de sua obra, como Orlando Lopes, Wilbert Salgueiro e Sinval Paulino, que lançou o livro Sol, solidão: análise da obra de Sérgio Blank, em 2007. “Esse é um dos únicos livros de fôlego que versa sobre o estilo de escrita de Sérgio Blank”, acrescenta Ribeiro. E com a presença ainda de escritores como Reinaldo Santos Neves, que ajudou Blank a publicar o primeiro livro. “Juntos todos os convidados falaram sobre o ser pessoa e o ser poeta de Sérgio Blank; falaram sobre o estilo de escrita, os títulos; versaram, inclusive, sobre os motivos pelos quais um poeta decide parar de escrever”, conta Ribeiro, comentando ainda que tudo indica que Sérgio Blank parou mesmo de escrever, mas não deixa de ponderar que é muito interessante colher os depoimentos de quem acredita que Sergio voltará a lançar poemas algum dia, que ainda há alguma coisa guardada para ser dita por Blank.
Risque meu nome do mapa é um filme completamente independente. Ribeiro conta que por vezes teve de tirar dinheiro do próprio bolso para custear alguns serviços, mas que contou com uma equipe colaborativa bem eficaz. O filme tem trilha sonora autoral feita pelo músico Edivan Freitas, que musicou um dos poemas de Sérgio Blank, música que fecha o documentário de 30 minutos. A proposta é de que, após essa estreia, o filme passe por cineclubes e também pela Biblioteca Pública do Espírito Santo. “O documentário, inevitavelmente, acaba sendo até uma sessão pedagógica sobre a obra de Sérgio Blank. Queremos exibir onde for possível”, diz Ribeiro.
E sobre a presença de Blank no lançamento, o próprio Jorge Ribeiro diz ainda ser um mistério. “Falei com ele sobre levar um transporte para ir buscá-lo, mas Blank disse que ainda está a pensar sobre o assunto. Pelo pouco que a gente o conhece, é bem possível que ele não vá”, conta em risos, alegando que não faltará oportunidades para que Blank possa sentar com o público e conversar sobre a obra.
Na mesma noite de lançamento do documentário de Jorge Ribeiro, haverá o lançamento de 300 e Tantas Palhetas, de Débora Barth. Ambas as sessões são gratuitas.
Serviço
O lançamento do documentário Risque meu nome do Mapa, de Jorge Ribeiro, será realizado nessa sexta-feira (9), a partir das 18h, no Cine Metrópolis da Ufes – avenida Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras, Vitória. A entrada é livre.