Já faz alguns meses que o exercício da contação de história deixou de acompanhar Gab Kruger em hospitais, ONG's, shoppings e até mesmo nas ruas. Agora a ex-professora formada em Letras apresenta no formato de vídeos pela internet histórias clássicas e adaptadas, como Chapeuzinho Amarelo, até narrativas comumente presentes em outros projetos de Gab, como o mais recente vídeo O caso do Bolinho. São vídeos voltados para o público infantil e disponibilizados inteiramente gratuitos na internet ao público infantil.
“Comecei com vídeos supercaseiros mesmo e, para a minha surpresa, eles deram muito certo e apresentaram um potencial pedagógico muito forte, um material paradidático também para ser desenvolvido em projetos sociais, por exemplo”, conta Gab Kruger sobre o projeto que leva o nome dela: Gab, Conta Outra? – que já tem a primeira temporada de vídeos em que ela desenvolve o trabalho de contação de história na internet.
De caseiros os vídeos passaram a ser produzidos pela A Mala Produções Artísticas, a própria produtora de Gab que realiza diversos eventos infantis pelo Estado. Nesta primeira temporada, ainda em andamento e que será formada por cinco episódios, a realização é feita de forma independente, com alguns parceiros e muita força de vontade em seguir em frente. Alguns do vídeos já somam mais de 3 mil visualizações e centenas de compartilhamentos. Outra coisa em comum em cada um deles são os comentários de pessoas pedindo as novas histórias, proposta que foi incorporada à produção dos vídeos.
“Quando subi os primeiros vídeos as crianças pediram o tema da história do vídeo seguinte, as mães me avisavam. Isso ficou tão forte que virou o objetivo dos vídeos, o público era quem votava em qual história iria ser contada no vídeo seguinte”, explica Gab. E nesse formato de produção e veiculação já entraram histórias como O Pescador e a Sereia; A história da Coca; o já citado Chapeuzinho Amarelo e o penúltimo vídeo da temporada, O caso do bolinho. Será na próxima quinta-feira (15) o fechamento desta primeira leva de vídeos, com a história intitulada Carambola – “uma fábula de caráter ambiental, que fala de uma bruxa que lançou um feitiço numa floresta. Nada mais crescia por lá. Dessa forma, os bichos da floresta resolveram falar com deus para mudar a situação”, apresenta Gab com empolgação um resumo da história.
Aos 30 anos, Gab já contou muitas histórias. Quase sempre que há um evento de contação pelas praças do Centro de Vitória, ou em circuitos culturais, a presença da contadora é quase certa. Foi em meados de 2007 que Gab começou a contar histórias informalmente, quando já cursava Letras. “A literatura infantil está muito atrelada à contação, quando a gente começa a estudá-la percebemos isso. Comigo foi uma paixão imediata por esse exercício de contar. Então dentro das possibilidades que tinha fui fazendo contação de modo informal e, ao mesmo tempo, levando adiante minha formação”, explica.
Os primeiros locais que realizou contação de história foi em creches e ONGs, até que em 2011 parou de dar aula. “Foi a época em que nasceu minha filha e, quando nasce uma mãe, surge junto uma ativista, uma feminista… comecei a buscar políticas pedagógicas alternativas; entrar na contação de vez desenvolvendo um trabalho mais orgânico e dinâmico, que pudesse me dar tempo também para eu ficar com minha filha. Tudo por amor e carinho pelas crianças e literatura, esta é a minha filosofia” detalhou.
Tal dedicação é percebida logo de cara quando se dá play em algum dos vídeos do projeto Gab, Conta Outra?. O cenário, que se mostra minuciosamente organizado em cores, estampas e adereços, só não é mais chamativo e atrativo que as histórias e o jeito com que Gab dá vida a cada uma delas. Foi com essa desenvoltura que ela formou um público bastante fiel e que a motivou iniciar as gravações dos vídeos.
“Meu público não são só crianças, são as mães também, a família – eles vão juntos nas apresentações não só para acompanhar as crianças, mas para assistir também, inclusive é essa uma das propostas de espetáculo de contação que passei a oferecer. As apresentações foram acontecendo e com elas vinham cada vez mais pedidos dos familiares. Pedidos para ir a outros Estados, mas não dava para fazer essa locomoção, então os vídeos vieram como uma maneira de solucionar isso”.
E foi com esse principal objetivo que os vídeos foram colocados na internet de forma gratuita, no intuito de que as pessoas se apropriem deles, para que seja uma forma de incentivo à leitura. Gab conta ainda que tem uma deficiência no olho direito, o que não é tão perceptível nos espetáculos de rua, mas que fica mais evidente nos vídeos. “Encarei os vídeos como uma questão de superação. Já soube até que algumas ONGs estão usando os vídeos para mostrar às crianças com deficiências visuais que é possível fazer esse tipo de trabalho e muitos outros. Tive que assumir isso, foi mesmo uma ousadia da minha parte”, acrescenta ela.
Por enquanto, Gab não há planos para a segunda temporada de vídeos, já que é preciso de mais parceiros para o projeto. Mas para entender um pouco do sucesso que o projeto de Gab Kruger tem feito na internet, segue abaixo a história d'O Pescador e a Sereia.
Serviço
O vídeo final da primeira temporada do projeto Gab, Conta Outra?, de A Mala Produções Artísticas, será disponibilizado na próxima quinta-feira (15) na rede social oficial do projeto.