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Prefeitura ainda não apresentou razões técnicas e econômicas do Integra Vitória

A audiência pública desta sexta-feira (16), na Câmara, será uma boa oportunidade para a Prefeitura de Vitória esclarecer as razões técnicas e econômicas do Integra Vitória, sistema de integração do transporte público municipal. A prefeitura ainda não apresentou justificativas para pôr o sistema em operação. A implantação do projeto sem apresentação de estudos e dados razoáveis deixa a impressão de que o Integra Vitória é uma imposição.
 
A questão do transbordo é elemento fundamental quando se fala em sistema público de transporte. Implica embarque, desembarque, tempo de espera e novo embarque: ou seja, transbordo, quando mal elaborado, implica desconforto para o usuário. Pelo grito das ruas, é o que se passa com o Integra Vitória. 
 
O argumento central da prefeitura para defender seu rebento é a economia (duas viagens com o preço de uma) e a rapidez. Mas ainda não está claro onde está o privilégio de se fazer um transbordo a mais nas viagens. Onde estão os benefícios se a distância entre os pontos de origem e de integração é curta? Houve a extinção de 19 linhas, mas a prefeitura não disse se o número de viagens aumentou.
 
A prefeitura também não apresentou estudo técnico para justificar uma mudança estrutural do sistema municipal de transporte. Está certo que a rede deve acompanhar o desejo de viagem dos usuários, que muda com o tempo, as cidades são organismos dinâmicos. Mas outra coisa é a remodelação conceitual do sistema.
 
Um dos exemplos usados pelo prefeito Luciano Rezende (PPS) na apresentação do Integra Vitória, em 31 de agosto, foi a viagem entre Jardim Camburi e Goiabeiras. O antigo sistema obrigava o usuário a pegar dois ônibus e pagar, portanto, duas passagens. Com o Integra Vitória, agora há a opção de realizar a viagem com uma só passagem. 
 
Mas qual a fração dos usuários do sistema municipal que precisa realizar duas viagens? Luciano não apresentou essa informação, que apenas uma Pesquisa Origem e Destino Domiciliar, que é um estudo custoso, poderia oferecer. Sintomaticamente, o Integra Vitória ainda não contemplou os desejos de viagem da maioria dos usuários – vide que mais uma comunidade, desta vez o Jaburu, se manifestou nas ruas. Nessa quarta-feira (14), moradores do bairro fecharam a Avenida Vitória em protesto contra o novo sistema. 
 
A impressão que paira sobre o Integra Vitória é a de que o programa se trate, antes, de um esforço de redução de custos para os empresários de transporte. Basta verificar o discurso do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Setpes) sobre o projeto. 
 
A entidade fala em otimização do sistema, nada mais que um velho eufemismo para redução de custos. Com extinção de linhas e integração do sistema, as empresas realizam uma economia de quilometragem. Ou seja, há menor gasto com gasolina e com manutenção dos veículos (menos mão de obra como mecânicos, eletricistas e outros profissionais). E, ainda, o Integra Vitória reduziu custos sem qualificar em igual proporção o serviço oferecido aos usuários.
 
Não se trata de criticar sistemas de integração, mas o modelo de integração proposto para Vitória. Não faltam especialistas apontando que o modelo ideal para a cidade seria a integração com o Sistema Transcol, uma vez que há uma taxa de cerca de 70 a 80% de superposição de linhas do sistema municipal com o metropolitano, segundo estudos da Prefeitura de Vitória.

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