O pleito teve início na manhã de sábado (17) de maneira tranquila e assim transcorreu durante o dia inteiro. De acordo com o candidato à presidência da entidade pela Chapa 3, Sóstenes Araújo, o candidato já vem tendo problemas com o sindicato há muito tempo.
Ele conta que ano passado a atual diretoria do sindicato, por perceber que ele tinha boa articulação política. Segundo Araújo, ele foi excluído do quadro de afiliados e teve de recorrer à Justiça para ser reintegrado à entidade. O juízo da 5ª Vara Cível de Vitória determinou a reintegração do inspetor penitenciário por ter faltado o contraditório e a ampla defesa.
Araújo alega que foi, então, forjado um processo administrativo há dois meses para a exclusão dele do quadro de associados novamente. Ele recorreu de novo ao juízo da 5ª Vara, que determinou a reintegração, sob pena diária de R$ 5 mil em caso de descumprimento. Uma semana depois da reintegração, ele conta, foi publicado o edital das eleições.
A chapa encabeçada por Araújo já estava pronta e foi registrada. Ele conta que dias depois do registro, a chapa foi impugnada e uma terceira ação, que dessa vez teve como pólo passivo a comissão eleitoral, pediu o retorno da chapa ao pleito, o que foi atendido pela Justiça e a Chapa 3 pode concorrer ao pleito.
O inspetor penitenciário relata que a eleição correu de maneira tranquila, com total lisura e um fiscal de cada uma das quatro chapas fiscalizando as urnas. Às 5 horas, a votação foi encerrada e as urnas foram deslocadas para a sede do sindicato, em Maruípe, Vitória.
De acordo com Araújo, quando terminou a apuração, a comissão alegou que a chapa seria impugnada por ter colocado transporte à disposição dos associados para a votação. Ele diz que a Chapa 1 não colocou o transporte à disposição dos associados, mas que a proibição não era estatutária. Segundo ele, a própria categoria se organizou para votar, já que as urnas estavam nas unidades de Barra de São Francisco e Colatina, no noroeste do Estado; Cachoeiro de Itapemirim e Marataízes, no sul; em Guarapari e em Vitória, na sede do sindicato. “Acusaram sem provas. Não deixaram ninguém subir para a apuração alegando que a chapa seria impugnada e sumiram com todas as cédulas da urna”.
Ele conta que viram os membros da Chapa 1 viram que a Polícia Militar foi acionada e tentaram evadir, por isso, foi feito um cordão de isolamento em torno do atual presidente da entidade, Antônio Vilela, para que ele não saísse do local. Quando chegaram ao sindicato, o delegado pediu que fosse apresentada a urna, mas faltavam os 600 votos.
Segundo Araújo, o foi registrada a ocorrência, que está na fase de inquérito, e a chapa vai cobra que novas eleições sejam realizadas, com a intervenção do Ministério Público Estadual (MPES). Ele acrescenta que todas as chapas, com a exceção da Chapa 3, são formadas por membros da atual diretoria com o objetivo de pulverizar os votos e favorecer à Chapa 1.
Chapa 1
Um representante da Chapa 1, que não quis se identificar, deu outra versão para o que aconteceu no dia da eleição para a diretoria do Sindaspes. Ele conta que durante o dia, o candidato que encabeça a Chapa 3, que foi fiscal de urna, ficou constrangendo os votantes a votar por sua chapa. Segundo ele, um membro da mesa o repreendeu dizendo que não poderia direcionar os votos.
Este membro da Chapa 1 diz que no fim da tarde começaram a chegar fotos de micro-ônibus e vans que, segundo ele, transportavam votantes a pedido de Araújo. Ele acrescenta que, embora a proibição não esteja no estatuto, ficou acordado que, assim como nas eleições majoritárias, seria proibido que candidatos bancassem o transporte de votantes.
Ele conta, ainda, que a comissão eleitoral, na elaboração do relatório, optou pela impugnação da chapa diante da comprovação do transporte – com registro de placas e testemunhas – por parte do candidato concorrente e registrou em ata a impugnação. Segundo ele, já era por volta de 5 horas de domingo (18) quando o relatório foi finalizado, mas o representante da Chapa 3, Marcelo Fernandes da Silva, se recusou a assinar.
O integrante da Chapa 1 conta que houve uma discussão no sindicato e, nesse tempo, as pessoas começaram a sair e foi neste momento que o carro do presidente do sindicato foi cercado por cerca de 30 pessoas e a viatura da Polícia Militar chegou, conduzindo todos para a delegacia. Ele conta que Vilela chegou a dizer que tinha violado a urna em primeiro momento, mas alegou depois que temia ser agredido e, em depoimento, negou que tivesse violado.
Ele conta que o delegado não viu provas da violação e liberou todos depois de serem ouvidos. Neste momento, as chapas aguardam que a comissão eleitoral se reúna novamente para definir se e quando haverá novo pleito. Para este membro da Chapa 1, a Chapa 3 está alinhada com a Secretaria de Estado da Justiça e com o governo, diferentemente da Chapa 1.