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Comunidade recorrerá ao MPF para fechar canal que abastece Aracruz Celulose

A comunidade de Regência, em Linhares (norte do Estado), recorrerá ao Ministério Público Federal (MPF-ES) para fechar o canal Caboclo Bernardo, que abastece a fábrica da Aracruz Celulose (Fibria) no município de Aracruz. Os moradores atribuem à transposição de bacias feita pela empresa o grave problema da água registrado atualmente na vila de pescadores. O abastecimento, feito há meses com água salgada, foi totalmente suspenso na manhã dessa quinta-feira (5).
 
A informação de que o MPF será acionado é da diretora da Escola Estadual Vila Regência, Maria da Glória Buecker. Ela irá protocolar um documento nesse sentido no órgão em Linhares, assim como no Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Barra Seca e Foz do Rio Doce (CBH Barra Seca), efetivado em setembro último.

A comunidade solicita assistência e intervenção no conflito de água instalado pelo canal em Regência. A transposição de bacias do Rio Doce para o Rio Riacho foi feita em 1999 pela Aracruz Celulose, com conivência do poder público. Em 2005, a empresa conseguiu um novo licenciamento e novamente desviou o Rio Doce, agravando os impactos. 

 
Na escola Vila de Regência, os 250 alunos do ensino fundamental foram dispensados das aulas devido à falta de água. O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) suspendeu o abastecimento depois que a água captada de um poço artesiano que construiu, com 350 metros de profundidade, apresentou forte odor e cor alterada. Apesar da promessa do Saae de destinar um caminhão-pipa à comunidade, isso ainda não foi feito.

Maria da Glória ressalta que o poder público apenas apresenta medidas paliativas. É preciso, ressalta ela, discutir a questão do canal, com resultados efetivos para solucionar o problema do abastecimento e qualidade da água fornecida pelo Saae.

 
Os moradores de Regência recebem há meses água salgada em suas casas, imprópria para consumo. A diretora alerta que devido ao elevado teor de sódio da água, já há casos na escola de alunos com problemas de pressão alta, diarreia e dor de cabeça. Na escola é realizada coleta de água diariamente e a qualidade só piora, como sinaliza  a diretora.
 
Comunidade que atualmente tem marca no turismo sustentável, os proprietários de pousadas e restaurantes também manifestam preocupação e temem prejuízos. Os pescadores, que antes encontravam fartura de espécies no Rio Doce, estão impedidos de realizar suas atividades e passam por dificuldades. 
 
Segundo os moradores, o  poço artesiano que o time da comunidade fez recentemente para irrigar o campo, com seis metros de profundidade, apresentou água de ótima qualidade e seria uma opção para o Saae resolver o problema de abastecimento, assim como a captação de água das lagoas de Cacimbas e Parda, próximas à vila.
 
O Rio Doce está seco e já não chega mais em Regência, onde o mar vem ocupando espaço, jogando água salgada em Povoação, a seis quilômetros da foz. Com a baixa vazão e o avanço do mar, ocorreu o processo de salinização, sem qualquer previsão de resolução definitiva. 

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