Historicamente, o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) cultiva uma história de conivência com a conduta ambiental da Samarco, em Anchieta, no sul do Estado. Mas a tragédia em Mariana (MG), em que duas barragens de rejeitos de resíduos de minério se romperam semana passada, de alguma forma pressionou o órgão a mostrar algum serviço: o Iema intimou a empresa por causa dos impactos ambientais e socioeconômicos provocados pela lama em território capixaba.
Segundo a previsão mais recente do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a onda de rejeitos das barragens deve chegar ao Espírito Santo na madrugada desta terça-feira (10). A previsão é de suspensão de abastecimento de água em Baixo Guandu e Colatina.
A intimação exige da Samarco as seguintes ações: Distribuição de água potável para consumo humano e dessedentação animal; monitoramento da qualidade da água do Rio Doce e também do mar a ser atingido pela lama para verificar a presença de contaminantes e identificá-los; disponibilizar aeronave para sobrevoo dos profissionais envolvidos nas ações preventivas e de mitigação da onda de rejeitos; disponibilizar uma equipe multidisciplinar para monitorar os impactos na fauna, flora, água e para as pessoas, emitindo laudos técnicos para o Iema com informações que ajudem a minimizar os impactos, inclusive, com avaliações de cenários futuros.
A empresa deve realizar também a limpeza de toda a área afetada pela lama, enquanto for verificada a presença de poluente e apresentar um Plano de Monitoramento da persistência dos poluentes nos meios atingidos em até 120 dias e um Plano de Reparação Inicial dos danos no prazo de 30 dias.
Audiência pública realizada em junho, em Anchieta, pela CPI do Pó Preto da Assembleia Legislativa, também denunciou o órgão, como a Câmara de Vereadores e a Prefeitura, por omissão no combate à poluição gerada pela Samarco. A empresa lança pó preto no ar e rejeitos industriais sem tratamento em Mãe-bá, extinguindo a pesca no local.
Mesmo com uma trajetória ambiental pouco louvável, a Samarco inaugurou em abril sua quarta usina de pelotização, aumentando sua produção de 22,5 milhões de toneladas por ano para 30,5 milhões, um aumento de 37% e um agravamento dos índices de poluição da região.