Enivaldo disse que ao mesmo tempo em que o diretor comercial da Samrco descartava um novo rompimento das barragens aos integrantes da Comissão de Representação da Assembleia, a empresa admitia que o risco era iminente. Em coletiva à imprensa nacional, os dirigentes da mineradora, que atuam diretamente em Minas, admitiram que as barragens estão passando por obras emergenciais, e que o risco de rompimento existe, sobretudo se o volume de chuva aumentar nos próximos dias.
“Tem o risco [de rompimento] e nós, para aumentar o fator de segurança e reduzirmos o risco, estamos fazendo as ações emergenciais necessárias”, afirmou o gerente-geral de projetos estruturais da Samarco, Germano Lopes. Enquanto o diretor de operações e infraestrutura da empresa, Kléber Terra, explicou que o fator de segurança na barragem de Santarém é de 1,37 numa escala de 0 a 2 – equivalente a uma estabilidade de 37%. Na barragem de Germano, o diretor afirmou que uma das estruturas, o dique Selinha, tem índice de 1,22, o menor em todo o complexo.
Todas essas informações não foram abertas aos deputados capixabas, que ouviram por mais de uma hora as explicações de Ricardo Carvalho, que comanda a “operação de guerra” da Samarco no Espírito Santo. “A informação que temos hoje é que as barragens do Germano e de Santarém não correm risco de rompimento, precisam fazer alguns reforços que são naturais no processo de gerenciamento das barragens. Nós estamos muito tranquilos em relação a isso”, disse, em fala registrada em vídeo feito pela equipe de Século Diário durante a reunião.
Assista aqui ao trecho em que o diretor da Samarco descarta o risco de barragens:
Na sessão desta quarta-feira, além de registrar que os dirigente da empresa teriam mentido aos deputados sobre o risco de rompimento das barragens, Enivaldo também criticou o fato de a empresa estar “plantando” informações positivas na mídia para reduzir a responsabilidade sobre a tragédia. Ele acrescentou ainda que alguns deputados estão defendendo a empresa, que voltou a classificar como criminosa. “Esse é o lobby do capitalismo. Ficou patente que não havia um plano de emergência da Samarco”, apontou.
Durante a reunião com os dirigentes da mineradora, na tarde dessa terça-feira (17), chamou atenção a postura de passividade de alguns parlamentares em relação aos executivos da Samarco, caso do próprio presidente da Casa, Theodorico Ferraço (DEM), que, ao final do encontro, chegou a pedir: “Deus abençoe a Samarco”. Antes, o demista havia tratado a empresa como vítima do incidente registrado em Minas e que está afetando os municípios capixabas ao longo da bacia do rio Doce.