Segundo os organizadores, a marcha reuniu cerca de 400 participantes, entre estudantes e militantes de movimentos sociais. Alunos de escolas da Grande Vitória, como os bairros Nova Rosa da Penha, em Cariacica, e Novo Horizonte, na Serra, também participaram do ato público.
Estudantes de Colatina, no noroeste do Estado, também compareceram à marcha, que foi encerrada com apresentação do grupo de percussão Malungos, do mesmo município. Durante o ato também foi arrecadada água que vai ser enviada para Colatina, que padece com o desabastecimento em virtude da chegada da lama de rejeitos de mineração da Samarco/Vale que chegou ao município.
De acordo com o coordenador do Fejunes, Luiz Inácio Silva da Rocha, o Lula, o coro da marcha foi contra a criminalização de jovens negros no Estado, denunciando o extermínio desta parcela da população, com destaque para os homicídios de mulheres negras.
De acordo com o Mapa da Violência 2015 – Homicídio de Mulheres no Brasil, o Estado permanece em segundo lugar em taxa de homicídios de mulheres. De acordo com o estudo conduzido pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, que se baseia em dados de 2013, o Estado registrou 9,3 homicídios por grupo de 100 mil mulheres.
Outro dado alarmante que o Mapa da Violência apresenta são os índices de homicídios de mulheres negras no Estado. Enquanto as taxas de mortes violentas de mulheres brancas oscilam na série histórica, mas se mantêm baixas, as de mulheres negras seguem ascendentes em níveis muito superiores aos de brancas.
Enquanto em 2013 a taxa de homicídios de mulheres brancas no Estado ficou em 4,5 por 100 mil, a de mulheres negras chegou a 11,1. O índice de vitimização negra nos homicídios de mulheres no Estado chega a 147%, ou seja, uma mulher negra tem 147 mais chances de ser assassinada no Estado do que uma mulher branca.
Lula também lembrou que, embora os homicídios de jovens negros do Estado tenham níveis de guerra civil, o atual governo acabou com o Conselho e a Gerência de Igualdade Racial e até o momento, depois de quase um ano de governo Paulo Hartung (PMDB), não há posicionamento para retorno dos colegiados à atividade.