A Prefeitura de Vitória encaminhou ofício nesta sexta-feira (20) à Vale, dona da Samarco junto com a anglo-australiana BHP Billiton, solicitando informações sobre os impactos dos rejeitos do rompimento da barragem em Mariana (MG) às praias, mangues e vegetação de restinga da Capital. A tragédia já é considerada a maior da história do setor de mineração.
A gestão do prefeito Luciano Rezende (PPS) quer saber qual é a previsão da chegada da onda de lama ao município e os impactos previstos ao oceano e ecossistemas, bem como as medidas de contenção que a Vale tem adotado para impedir que os rejeitos cheguem à costa e se há um plano de controle e mitigação.
A prefeitura considera, para isso, a distância de 120 quilômetros entre Vitória e Regência, em Linhares, onde a onda de lama encontrará o mar. Este raio, como alerta a gestão municipal, estaria dentro dos danos previstos ao meio ambiente marinho e às funções ecológicas, turísticas e econômicas que o mar exerce na cidade.
Em reunião nessa quinta-feira do recém-criado Fórum de Secretário Municipais de Meio Ambiente da Grande Vitória, foram levantadas outras demandas dos municípios em relação à questão.
Os secretários defendem a elaboração de um estudo de modelagem da pluma da lama assim que ela chegar em Regência, para poder aferir o alcance em direção ao litoral sul, passando por Vitória, e de um exame ecotoxicológico de peixes no percurso da lama, no rio e no mar, para identificar se eles estão morrendo pela falta de oxigênio na água ou se por ingestão de metais pesados, como ferro, chumbo ou manganês. Já quando os rejeitos chegarem ao litoral, o Fórum cobrará um monitoramento físico-químico de toda nossa região costeira até Vila Velha, para detectar com regularidade a presença de metais pesados. Esses encaminhamentos serão enviados nesta sexta ao Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema).
Segundo o secretário de Meio Ambiente de Vitória, Luiz Emanuel Zouain, os técnicos foram enfáticos em afirmar que não sabem o volume de rejeito que chegará, mas é certo que atingirá a região costeira, o que é favorecido pelo vento predominante na região, o nordeste.
“O prejuízo poderá ser muito grande para a cadeia marinha e também para os frequentadores da praia. A balneabilidade poderá ficar comprometida, sem contar que nossos manguezais já tão aviltados, poderão sofrer ainda mais. Se isso ocorrer, a cata de caranguejo e a pesca terão que ser proibidos. Nada poderá ser consumido sem análise prévia”.
A onda de lama já atingiu os municípios capixabas de Baixo Guandu e Colatina, no noroeste do Estado, e nesta sexta-feira (20) começou a alterar a coloração do rio Doce em Linhares, na região norte.