Pescadores de diversos estados do País se mobilizam em Linhares (norte do Estado) nesta sexta-feira (4) para um abraço simbólico ao rio Doce. Eles denunciam a pouca visibilidade às famílias atingidas pelo crime socioambiental da Samarco e suas controladoras Vale e a anglo-australiana BHP Billiton em Minas Gerais e no Espírito Santo, e cobram posicionamento do governo federal sobre as medidas de mitigação a curto e longo prazo para a pesca artesanal.
A concentração do ato será às 8 horas, na Praça 22 de Agosto, e seguirá para a ponte da BR 101 que corta o rio. Participam entidades como o Movimento de Pescadores e Pescadoras do Brasil (MPP) e a Colônia de Pesca de Linhares Z-6, que reúne cerca de 700 pessoas, como informou o presidente Milton Jorge.
No mesmo dia, os pescadores pretendem se reunir com o Ministério Público do Estado (MPES), órgãos de governo e representantes da Samarco, em audiência pública na vila de Regência, às 18h30. Eles solicitaram o encontro ao próprio Ministério Público.
“Nós queremos respostas”, enfatizou Milton. Segundo ele, os pescadores não receberam nenhuma garantia nem da empresa nem do poder público até agora. O que mantém o sustento dos pescadores, por enquanto, é o salário do defeso. “Mas quem não tem cadastro está totalmente desamparado, passando por dificuldades”, alertou Milton.
Os pescadores afirmam que já foram recolhidas 11 toneladas de peixes mortos ao longo do rio Doce em decorrência da lama de rejeitos de minério da Samarco/Vale.
A manifestação também reivindica a migração da pesca artesanal para o Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA). Após a extinção do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), o setor da pesca artesanal foi realocado para o Ministério da Agricultura (Mapa). Mas, segundo o MPP, “o Mapa representa os setores do agronegócio e das grandes indústrias, inclusive mineradoras como a Samarco, além de Kátia Abreu, a principal inimiga das comunidades tradicionais”.
Ação judicial
Os pescadores cadastrados na Federação das Colônias e Associações dos Pescadores e Aquicultores do Estado (Fecopes) que entraram na Justiça com pedido de liminar para que sejam mensalmente indenizados pela Samarco/Vale, tiveram mais uma audiência de conciliação nessa quarta-feira (2). No entanto a negociação não avançou, e o próximo encontro foi marcado para o dia 16.
O valor solicitado é de pelo menos um salário mínimo (R$ 788,00) para cada um dos integrantes das colônias capixabas existentes no rio Doce até a sua foz, além de danos morais.
O juiz do caso é Cássio Jorge Tristão Guedes, da 2ª Vara Cível e Comercial de Linhares.