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A Samarco e suas acionistas – Vale e BHP Billiton – foram alvos de mais um protesto no Espírito Santo. Nesta sexta-feira (4), véspera de se completar um mês do maior crime socioambiental do País, pescadores de 16 estados e entidades da sociedade civil fecharam um trecho da BR 101 e a ponte Joaquim Calmon, que corta o rio Doce, onde realizaram um abraço simbólico. Eles cobraram punição às empresas e soluções em relação à contaminação do manancial, que é fonte de subsistência e referência afetiva das comunidades. 
Com personagem vestido de morte e cartazes com frases de “Samarco Assassina”, “Desenvolvimento para quem?”, “Samarco sujou? Limpe!”, os manifestantes ecoaram gritos de ordem questionando o atual modelo econômico, que tem promovido a destruição ambiental e o “genocídio de pescadores e agricultores”. Destacaram, ainda, a necessidade de as comunidades defenderem o território e a pesca tradicional. 
Além das colônias do Estado, participaram do ato pescadores do Movimento de Pescadores e Pescadoras do Brasil (MPP), estudantes, militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e LGBT, e moradores do município. O protesto foi organizado pela Colônia de Pescadores Z-9, com convocação nas redes sociais. 
Na tarde desta sexta, os pescadores estão em Regência, onde está localizada a foz do rio Doce, que foi atingida pela onda de lama há duas semanas. No mesmo dia, os rejeitos encontraram o oceano. 
Segundo Manoel Bueno (Nego da Pesca), que preside a Federação das Associações de Pescadores e Aquicultores do Estado (Fecopes), a visita a Regência tem o objetivo de permitir a troca de experiências entre os pescadores da vila e de outros estados, que já passaram por situações semelhantes à atual. 
Com o crime da Samarco/Vale, as comunidades que vivem da pesca em Regência e Povoação estão sem alternativas de trabalho e apreensivas em relação ao futuro. Na vila, também está programada uma reunião com o Ministério Público do Estado (MPES) e Ministério Público Federal (MPF), às 18h30
Apesar da gravidade dos impactos a essas comunidades, os pescadores denunciam que têm recebido pouca visibilidade no caso, tanto da Samarco e suas acionistas quanto do poder público. 
Até agora, não têm qualquer garantia e vivem, por enquanto, do salário do defeso da piracema, que vai até fevereiro de 2016. No entanto, há muitos pescadores que ainda não são cadastrados e, impedidos de realizar a atividade, estão totalmente desamparados. 
Para que os pescadores recebam o básico capaz de garantir o sustento de suas famílias, a Fecopes entrou com ação na Justiça contra a Samarco/Vale, exigindo que as empresas indenizem cada integrante das colônias capixabas do rio Doce até sua foz, em pelo menos um salário mínimo (R$ 788,00). A entidade também requer danos morais. No entanto, as negociações com a empresa ainda não avançaram e uma nova audiência de conciliação foi marcada para o próximo dia 16.
A manifestação desta sexta também reivindicou a migração da pesca artesanal para o Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA). Após a extinção do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), o setor foi realocado para o Ministério da Agricultura (Mapa), que atua em sentido oposto às demandas das comunidades tradicionais. A pasta é dirigida por Kátia Abreu, do setor do agronegócio e das grandes indústrias.

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