A onda de rejeitos da Samarco/Vale-BHP proveniente do rompimento da barragem em Mariana (MG) atingiu nesta segunda-feira (21) o município de Aracruz (norte do Estado). A lama já é visível na foz e no rio Piraquê-Açú e se aproxima das praias, como confirma nota oficial da prefeitura.
A constatação foi feita em sobrevoô de órgãos ambientais do governo estadual e federal. Segundo a prefeitura, a maior concentração da lama de rejeitos da mineração segue em direção ao mar aberto.
A administração municipal garante que irá tomar as medidas necessárias “à prevenção e reparação de possíveis danos ambientais, sociais e econômicos” e que são realizados monitoramentos diários na região pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) e Secretaria Municipal de Meio ambiente (Semam).
O rio Piraquê-Açu nasce na Reserva Ecológica Augusto Ruschi, no município de Santa Teresa (região serrana). Com 50 quilômetros de extensão, passa por João Neiva, alcançando o município de Aracruz, na localidade de Santa Maria. Principal fonte de abastecimento de água para a região, atende a 140 mil pessoas.
Além da captação e distribuição da água para a população, a lama ameaça 15,80 quilômetros de manguezal, as unidades de conservação Refúgio de Vida Silvestre (RVS) de Santa Cruz e a Área de Proteção Ambiental (APA) Costa das Algas, e as terras indígenas Tupinikim e Guarani do município, que vivem da pesca artesanal.
No norte do Estado, as praias de Linhares – Pontal do Ipiranga, Povoação e Comboios – próximas à foz do rio Doce estão há um mês interditadas em decorrência dos rejeitos.
O Grupo Independente de Análise de Impacto Ambiental (Giaia) apontou a presença de metais pesados no rio, com níveis elevados de arsênio, manganês, chumbo, alumínio e ferro. Em comunicado, a Federação Nacional dos Médicos (Fenam) alertou que o consumo e contato da população com o rio Doce, contaminada pelos rejeitos da mineração, podem provocar câncer, doenças de pele, no aparelho digestivo e intestinal, e má formação de bebês. Os efeitos à saúde, segundo a entidade, são a longo prazo.