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Editora Cândida e a busca por um equilíbrio no mercado de publicação de livros

 
Poucos ainda sabem, mas no mesmo ano em que tomava forma a editora Cousa, de Saulo Ribeiro, em Cariacica, Alfredo Santos Júnior também já projetava a editora Cândida. Na época, em meados de 2009, ele ao saber da ideia de Saulo, prontamente entrou em contato para conversar sobre o assunto, afinal, ambos estavam apostando na mesma moeda: o mercado de publicação de livros literários. Não foi coincidência também o fato de Saulo e Alfredo terem estudados juntos no curso de história.
 
De início, a Cândida – nome que surgiu por ser uma palavra neutra e chamativa para o autor – estava localizada em Cariacica, já que seu editor era morador da cidade. Mas atualmente está mesmo em Vitória, com escritório na casa de Alfredo, assim como a Pedregulho e a Cousa fazem. E enquanto Alfredo leva as coisas da editora, trabalha como servidor desde 2009, já que não foi uma opção viável largar tudo e apostar somente na Cândida. 
 
“Faço as coisas na medida em que tenho tempo, não dá para meter a cara só nisso e falar 'vou me ocupar só com a editora', visto que ainda não tenho o retorno necessário. É ainda um processo bem difícil para mim, mas prazeroso, faço porque gosto de oferecer um espaço para os autores”, explica ele. E é nesse fator que a Cândida se diferencia dos outras pequenas editoras do Estado: ela ainda procura uma forma de ter fôlego dentro do mercado de publicações. 
 
A produção da Cândida é ainda pequena, mas certeira em um nome, o escritor Jorge Solano. A editora lançou em 2010 o livro que dava, de fato, abertura para as atividades de editoração. A obra era Vitória da Ponte ao meio-dia, de Solano. Nela, estão poemas sobre Vitória, a Terceira Ponte, alguns pontos históricos da Capital e muita história sobre a ilha. “O Jorge é uma pessoa do meu círculo de amizades, sempre gostei dos textos dele e quando surgiu a ideia da editora, pensei que gostaria de inaugurá-la com textos que falassem sobre o Espírito Santo, sobre Vitória. Percebi então que era exatamente aquilo que eu queria ao ler os escritos de Solano e me deparar com a história do Espírito Santo, do povo daqui. E é uma poesia boa, muito bem feita, então conversei com ele e articulamos isso”, recorda Alfredo. 
 
Quase todo o processo do livro foi feito por Alfredo, desde a edição até a diagramação. Ele conta que nada disso é muito complicado, saber informática e ter interessem em pesquisar sobre como lançar um livro foi suficiente para que ele lançasse Vitória da Ponte ao meio-dia. É claro que o editor já tinha proximidade com literatura e, logo após a abrir a editora, fez um curso de editoração de livros em São Paulo, mas ele diz que não é tão complicado fazer a produção de um livro. “De acordo com minha experiência, vejo que se alguém quiser abrir uma editora para viver só dela é mais difícil. Mas o espaço está mudando, existem as leis de incentivo à cultura e é possível fazer alguns trabalhos para fora também”.
 
O que Alfredo encontra de dificuldades em levar à editora é a última etapa que envolve a publicação de um livro: as vendas. Ele conta não dispor de muito tempo para frequentar os eventos literários oficiais do Estado, nem os alternativos – tão usados como estratégia de vendas pela Cousa e Pedregulho. Então, o editor segue comercializando da maneira que dá. “Até agora, não tenho me achegado a isso. Acho que por falta de tempo. Preciso me aproximar dos outros editores e de quem promove esses eventos, pois vejo que eles são sim bons espaços para a divulgação. É uma proposta para 2016 fazer essas articulações, agitar mais a editora”. 
 
 
 
Vitória da Ponte ao meio-dia, por retratar tão bem a paisagem da Capital, foi obra usada por uma professora de escola pública para dar aulas sobre Espírito Santo. Ao saber disso, Alfredo entrou em contato com a professora, percebeu a importância do livro e procurou uma forma de distribuição junto à Secretaria de Cultura do Estado (Secult). Contudo, na apresentação de projetos ficou como suplente. Mas segue pensando em estratégias que incentive a leitura e fomente a venda de livros. 
 
Alfredo conta que a editora começa agora a apostar nessa lógica, mas ele ainda esbarra em outros empecilhos. “As editoras pequenas precisam apelar para leis de incentivo e alguns autores acabam não inscrevendo seus trabalhos, mesmo que a editora ofereça todo o suporte necessário. Basta apresentar alguns documentos básicos. Creio que isso vem em parte do desconhecimento de tais leis, embora em alguns casos possa ser por comodismo. Mas em parte esse comportamento vem da própria falta de tradição editorial do Espírito Santo, o que faz com que alguns acreditem que a publicação de seu livro não seja viável”, avalia Alfredo. 
 
Em 2013 foi a vez do segundo, e até então atual, livro da Cândida, que novamente apostou em Jorge Solano, com a obra 7 Quase Contos, com uma nova reunião de escritos do poeta. E, desde então foram essas as publicações da editora. Contudo, Alfredo apresenta planos para 2016 que prometem movimentar mais a editora. No primeiro semestre do ano a Cândida lançará um livro sobre a história do teatro no Espírito Santo, feito por um dos integrantes da Folgazões Cia de Artes. Além disso, a editora segue com cerca de quatro projetos de livros inscritos pelos autores em leis de incentivo na Serra e em Cariacica. 
 
Uma nova aposta de Alfredo é abrir o horizonte da editora para outros tipos de obras, além de realizar trabalhos de editoração para pessoas ou empresas que tenham interesse. 
 
Nas redes sociais a Cândida está presente, contudo ainda não tão movimentada, mas Alfredo já alerta que procura parcerias para mudar essa situação. E, por email, o editor está sempre a postos, tanto para articular novos projeto quanto para receber originais.

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