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Editora Praia e o movimento OpenPDF direto ‘das areias’ de Vila Velha

 
No Espírito Santo, de fato, são poucas as editoras de livros em atividade. Até então, esta série sobre o Movimento Literário Capixaba realizou especiais com algumas editoras independentes. São elas a Cousa, a Pedregulho e a Cândida. Além das três, há ainda a Aves de Água, a Edufes, da Universidade Federal do Espírito Santo; e, a mais recente de todas, há pouco mais de um ano, a Praia Editora, com atividades intensas e inovadoras.
 
Idealizada pelo jornalista Gilberto Medeiros, a Praia Editora estrutura-se a partir da ideia de fazer circular as pesquisas acadêmicas realizadas por profissionais recém-formados. E a grande diferença em relação às outras editoras do Estado está no formato, já que a editora trabalha diretamente com e-books, livros distribuídos no formato online e tudo apresentado ao público de forma gratuita. 
 
“Vamos publicar tantos livros com distribuição gratuita pela Internet quanto há grãos de areia nas praias de Vila Velha”. É assim que o site oficial da editora começa a descrever as atividades da Praia. O conceito inspirado é o OpenPDF, que, de acordo com Gilberto, mais conhecido como Giba, fez circular livremente pelo twitter links de produções acadêmicas de mestres e doutores. A ideia chamou atenção do jornalista há algum tempo e, diante da inquietação, fez nascer a Praia – que leva esse nome por ser o “escritório” de Giba, o lugar que rotineiramente frequenta e busca por inspiração. 
 
Até o momento a Praia já lançou quatro livros: A literatura e a vida: por que estudar literatura; Balão Mágico: movimento estudantil e a formação em comunicação social; Brasil em Crise: o legado das jornadas de junho; e Últimas Notícias: histórias do webjornalismo no Século 20 (imagens acima). Todos eles juntos obtiveram mais de 35 mil downloads. Tamanha tem sido a repercussão que não só autores de pesquisas acadêmicas têm procurado a editora em busca de publicar seus materiais, mas autores de todos os tipos de escritos. 
 
Essa boa procura de escritores e acadêmicos pela Praia, possibilitou que mais pessoas pudessem conhecer os trabalhos da editora e, assim, a difusão de todas as atividades realizadas tem sido mais intensa. Além disso, Giba e sua equipe de colaboradores já traçam outros desafios para este ano, o principal deles é conseguir atender a essa demanda de autores não-acadêmicos lançando pela editora. 
 
“A ampliação da linha editorial sempre pairou sobre nossas cabeças. A cada livro registrado na Biblioteca Nacional, surge a pergunta: Será que um dia vamos ampliar? A resposta sempre foi: Vamos, claro, é inexorável, já que estamos na internet. Mas a decisão de abrir o leque já neste ano deu-se muito ao sucesso de downloads de todo nosso catálogo”, frisa Giba. A proposta para esses autores, contudo, é um pouco diferente. A Praia irá lançar um edital de seleção de livros e histórias em quadrinhos. As obras poderão ser publicadas sem custos para o autor. Já o processo de distribuição necessita do micropagamento do livro em pdf, em valor abaixo de R$10,00 – o que se mostra ainda muito vantajoso para os autores e público. 
 
Caso os autores ainda não consigam entrar nesse processo logístico do edital, a Praia também abrirá a possibilidade de o livro ser custeado por meio de leis de incentivo à cultura e à ciência; além de patrocínio e financiamento colaborativo pela internet. O que não faltam são iniciativas para fazer a Praia circular conteúdos e ideias como o download livre. Aliás, após a criação da editora, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) abriu uma editora online com o mesmo conceito – iniciativa que foi muito bem recebida pela Praia. 
 
Entretanto, publicar e-books gratuitos, com trabalhos exclusivos de diagramação, revisão, ilustração, taxas de registro, despesas de correio e ainda a estrutura de funcionamento da empresa, gera gastos. Esses custos, atualmente, são bancados totalmente pela Praia. “Nada é de graça e os livros acadêmicos são distribuídos porque pagamos. É nosso investimento”, acrescenta Giba. É por isso que a Praia busca por estratégias já citadas, de publicar livros com micropagamentos e, a cada publicação comercializada, a editora publicará uma gratuita.
 
 
Não é só por ser uma editora de livros online que a Praia não está inserida no mesmo mercado das editoras de livros impressos. Existe até o planejamento para fazer livros impressos neste ano, mediante interesse do autor. Giba mostra que a Praia está aberta também a parcerias com as editora e lembra do contato com a Cousa. 
 
“Muito influenciou a criação da Praia Editora o ativismo de pessoas como o Saulo Ribeiro, da editora Cousa. Eu o conheci ao entrevistá-lo há uns sete anos. A pauta mostrava o valor que hoje Saulo construiu na sociedade. O cara mantinha um cineclube numa escola da rede pública municipal onde lecionava, na periferia de Vila Velha. Há, ainda, um episódio de muito carinho por mim. Antes de criar a Praia, ofereci meu livro à Cousa. Sem ler uma linha que não o meu pedido via email, a resposta foi: “Claro, Giba!””, recordou.
 
Dentro dessa linha de estar aberta a parcerias, a Praia já apresenta uma delas firmada. “A grande novidade de 2016, que ilustra perfeitamente nossa ubiquidade é que a Praia Editora recebeu sondagens de uma universidade de outro país interessada em uma parceria conosco para publicar por lá parte de nosso catálogo”, conta Gilberto. Além disso, a editora já está com diversos projetos de livros em andamento, alguns deles são Mulheres negras na música brasileira; O surgimento da internet e a reformulação dos jornais; e o livro produzido por Gilberto que narra as histórias que dão origem às letras de músicas das bandas Mukeka di Rato, Merda e Os Pedrero.
 
 
 
Serviço
 
Para acompanhar as atividades da Editora Praia basta procurá-la nas redes sociais, além do site oficial: www.praiaeditora.blogspot.com.br

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