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Crime da Samarco/Vale-BHP completa três meses com planos para retomar operações em Mariana e Anchieta

Três meses após o maior crime socioambiental do País e sem reparar os inúmeros impactos, a Samarco/Vale-BHP planeja retomar suas operações de produção de minério e pelotas ainda este ano, na cidade mineira de Mariana, onde ocorreu o rompimento da barragem de Fundão, e em Anchieta, sul do Espírito Santo.
 
Reportagem publicada no jornal Valor Econômico nessa quinta-feira (4) afirma que a empresa discute sua reconstrução, com a expectativa de voltar a funcionar em no máximo seis meses. 
 
As informações apontam que a empresa considera ter caixa para fazer frente às demandas emergenciais e iniciar as ações do fundo para recuperação do rio Doce. O montante, como aponta o jornal, seria de 600 a 700 milhões de dólares, segundo cálculos da agência Rating Fitch.
 
Ao mesmo tempo, a Samarco – controlada pela Vale e a anglo-australiana BHP Billiton – investe em campanhas publicitárias que tentam vender à população a ideia de que atua com responsabilidade na reparação dos danos e é importante para a economia e geração de empregos. 
 
Na prática, porém, concentra seus esforços nos recursos protelatórios que impedem a devida reparação dos danos ao meio ambiente, à pesca artesanal e às comunidades prejudicadas em Minas Gerais e no Espírito Santo. 
 
Nessa quinta-feira, a Samarco e suas acionistas pediram novo adiamento do prazo para fazer o depósito de R$ 2 bilhões no fundo para a recuperação ambiental e social da bacia do rio Doce, como determinou uma decisão da ação civil pública conjunta da União e os estados impactados pela lama, que prevê um fundo de R$ 20 bilhões para os próximos dez anos.
 
Amparam-se, para isso, no acordo sinalizado pela União e os governos estaduais, assim como já manifestou por mais de uma ocasião o governador Paulo Hartung, financiado pelas poluidoras.

 

Além de colocar fim ao processo judicial, que cobra recursos para ações de contenção dos impactos, revitalização da bacia do rio Doce e indenização dos prejudicados pelo crime, o consenso entre as partes é o que garantirá a liberação da licença de operação da Samarco. A questão deve ser fechada ainda este mês.
 
O Ministério Público Federal (MPF), no entanto, questiona o acordo. “A pressa, imprimida pela velocidade política e econômica, não pode atropelar os direitos das comunidades atingidas e a efetiva reparação ambiental”, pontuou o órgão ministerial, em manifestação feita em janeiro último, quando encaminhou ofícios pedindo informações sobre os temos que os governos federal, de Minas e do Espírito Santo pretendem firmar com as empresas. Embora respondam pelo crime, Samarco/Vale-BHP, até hoje, não foram punidas.

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