Há certa apreensão em Vila Velha com a recente e repentina troca de secretários na pasta de Desenvolvimento Urbano. Técnica de bom perfil para a pasta, a arquiteta Ana Márcia Eller foi exonerada para dar lugar a Marcelo de Oliveira, empossado nessa sexta-feira (19). Quem é Marcelo, onde trabalhou, o que entende de gestão urbana? Não se sabe. O que se sabe apenas é que ele é filho do ex-deputado estadual Nilton Baiano (PP).
Foi uma troca eminentemente política. Não há dúvidas. Mas, se aqui não há dúvidas, estas sobram sobre a condução do processo de debate do Plano Diretor Municipal (PDM) de Vila Velha, um imbróglio que se arrasta há uns bons anos. A revisão do plano canela-verde será iniciada este ano. A empresa que irá conduzir a revisão já foi contratada. Reuniões com as comunidades devem ser realizadas entre março e julho para levantar problemas na cidade.
Como se sabe, Vila Velha é uma espécie de paraíso da expansão urbana desordenada, uma cidade de inúmeras fragilidades, desde a base da pirâmide – como mostrou o deslizamento de rocha no Morro da Boa Vista, em São Torquato, que expulsou mais de mil pessoas de suas casas – até o topo – basta ver o crescimento predatório da Praia da Costa e, mais recente, na de Itaparica.
Em suma: uma cidade cujos planos diretores sempre privilegiaram os anseios empresariais em detrimento da qualidade de vida urbana, social e ambiental. Numa cidade com esse perfil, qual será a do novo secretário? A que veio Marcelo de Oliveira? Ele conhece Vila Velha?
Embora integrada a uma administração contestável, a ex-secretária Ana Márcia Eller tinha pelo menos um perfil adequado para a pasta. Desembarcou em Vila Velha com a experiência de conduzir a revisão do PDM da Serra, onde ocupou a mesma pasta. Além do perfil técnico, Ana Márcia era até certo ponto acessível aos movimentos sociais – para uns, um tanto; para outros, nem tanto.
Causa surpresa sua saída neste momento crucial de início da revisão do PDM canela-verde. As nuvens da dúvida irão a se dissipar na condução que o secretário Marcelo de Oliveira irá imprimir à revisão do plano. Aqui poderemos demarcar a linha fronteiriça entre o retrocesso e o progresso.