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Setran encabeça perseguição a táxis de outros municípios’, diz taxista de Cariacica

Casos repetidos de abordagem arbitrária e coação de guardas municipais e agentes de fiscalização da Secretaria Municipal de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana (Setran) a taxistas de fora de Vitória foram o principal tema da sessão da CPI da Máfia dos Guinchos desta segunda-feira (29) na Assembleia Legislativa. A comissão ouviu Jonas Dias Carvalho, Jonas Oliveira Júnior, taxistas de Cariacica, e Rosângela Nascimento, da Serra, para relatar casos abordagens realizadas pela Guarda Municipal de Vitória. A sessão foi acompanhada por taxistas de Vila Velha, Serra, Cariacica e Viana.
 
Rosângela contou um dos casos. Segunda a taxista, um colega de profissão parou em um posto de combustível em Vitória para abastecer. Ele deixou o carro por um momento e foi à loja de conveniências para fazer um lanche, onde, de repente, foi abordado por agentes de trânsito e de fiscalização da prefeitura. O taxista resistiu, o que lhe custou o encaminhamento para uma delegacia.
 
“Eu presenciei. Um agente municipal de trânsito recebeu um telefonema e saiu da delegacia. Lá fora, foi até um táxi de Vitória, pegou dinheiro e voltou. É para isso que eles nos abordam com tanta truculência?”, questionou a mulher, que então, forneceu à CPI o número, 148, e o ponto do táxi, no Hotel Canto do Sol, em Jardim Camburi.
 
O taxista de Cariacica Jonas Dias Carvalho abriu a tomada de depoimentos. Ele disse que o longo estranhamento, acirrado nos últimos dias cenas de violência no final de janeiro no aeroporto de Vitória entre profissionais de Cariacica e Vitória, tem sido abordado de forma unilateral. Rejeitou a alcunha de “cachorro doido” com que segundo ele taxistas de Vitória qualificam profissionais de fora da Capital.
 
Ele cobrou critério mais claros por parte da prefeitura de Vitória para o embarque de passageiros por parte de veículos das cidades vizinhas. “Não sou contra a fiscalização pela prefeitura, até porque é competência dela”, disse. Mas, afirmou, a empresa em que trabalha, a Rodotaxi, presta serviço para diversas empresas em Vitória, como a Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo e Rede Gazeta, entre outras. De outra forma, eles também atendem passageiros na Capital que demandam o serviço via central telefônica.
 
Mas, ainda assim, os taxistas estão sujeitos à multa e ao guinchamento de carro pelos agentes da guarda municipal e fiscais da Setran. “Gostaria de destacar que os agentes da Setran ganham comissões consideráveis para a autuação de carros de outros municípios”, destacou.  Garantiu ainda ter provas em fotos e vídeos de que taxistas de Vitória trabalham em outros municípios, especialmente em locais como o Pavilhão de Carapina e o Steffen Centro de Eventos, na Serra, e o estádio Kleber Andrade, em Cariacica.
 
O taxista também deu uma informação que chamou a imediata atenção do presidente da CPI, Enivaldo dos Anjos (PSD): a de que menos de 10% dos motoristas de táxi em Vitória são permissionários – como já destacou Século Diário em matérias recentes. “Há políticos, advogados, policias estaduais e federais, médicos, empresários”, disse.
 
“O senhor pode repetir esse último parágrafo, por favor?”, solicitou Enivaldo. Jonas repetiu. “Eu sei que tem gente nos Estados Unidos com 10 placas de táxi em Vitória”, disparou o deputado. Jonas completou: para ele, a situação explora pessoas que realmente precisam do trabalho. 
 
Segundo Jonas Oliveira Júnior, o guinchamento de táxis de outros municípios desabou após o início dos trabalhos da CPI. Mas ele afirmou ter filmagem de fiscais da prefeitura de Vitória garantindo o retorno do guinchamento para a partir desta terça-feira (1). O taxista diz que a Setran organiza a “repressão” a profissionais das cidades vizinhas. “Setran é que encabeça a perseguição a taxistas de outros municípios”, disse. 
 
Rosângela criticou o vereador de Vitória Rogerinho Pinheiro (PHS) por, segundo ela, ter solicitados às empresas 99táxi e Waze a criação de uma “barreira eletrônica” contra táxis vizinhos. Jonas Carvalho disse que a abordagem dos agentes de fiscalização das prefeituras da Serra, Cariacica, Vila Velha e Viana a motoristas acontece sem coerção. Os três taxistas solicitaram à CPI a discussão sobre a ideia de metropolização do serviço de táxi na Grande Vitória.

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