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Após 10 horas de ocupação, movimentos sociais deixam Palácio Anchieta

Após mais de 10 horas de ocupação, os movimentos sociais deixaram o Palácio Anchieta, sede do governo do Espírito Santo. A saída foi pacífica. Os manifestantes deixaram as dependências do Palácio entoando cânticos de luta.
 
 

O EMOCIONANTE MOMENTO DA DESOCUPAÇÃO DO PALÁCIO ANCHIETA EM VITÓRIA-ES Após ocupar o Palácio do Governo e passar o dia fazendo atividades e reuniões, os movimentos sociais junto as mulheres capixabas, ao MST, pequenos agricultores, estudantes e professores além da Frente Capixaba de Lutas e Brigadas Populares, Coletivos e manifestantes em geral, o grupo decidiu desocupar o prédio. O recado foi dado e a pauta mais uma vez foi apresentada aos governantes. Não fechem as escolas do campo nem da cidade, respeitem as mulheres, merendas dignas, contra a precariedade do ensino público do ES, e contra políticos corruptos e golpistas. A luta apenas começou! Uma amostra foi dada. Vai ter luta, vai ter protesto e vai ter ocupação! Amanhã, será bem maior e, abram os olhos pois quem não luta fica pra trás.Vídeo enviado direto do Palácio Anchieta: Frente Capixaba de Lutas

Publicado por NINJA ES em Terça, 8 de março de 2016

Horas antes da desocupação, persistia o impasse entre os negociadores do governo do Estado e os representantes dos movimentos sociais. Os manifestantes só concordaram em deixar o Palácio após a confirmação de uma reunião com o governador Paulo Hartung (PMDB) para debater as pautas do campo e da cidade no próximo dia 28 de março. Também ficou agendada uma reunião com o secretário da Educação, Haroldo Rocha, na próxima sexta-feira (11).

 
Os militantes passaram esta terça-feira (8) em negociação com secretários da gestão estadual, mas as negociações endureceram quando os representantes do governo do Estado estabeleceram prazo de 15 dias para o encontro com Hartung, data considerada distante demais para as lideranças, que tentam desde o ano passado, sem sucesso, estabelecer um diálogo com o chefe do Executivo estadual. 
 
Os manifestantes também participam da ocupação da Secretaria de Estado da Educação (Sedu), que já dura  21 dias, com inúmeras tentativas fracassadas de abrir uma rodada de negociação com o governo Hartung e com o secretário Haroldo Rocha.
 
A mobilização, que marcou a série de lutas do Dia Internacional da Mulher, saiu da Praça de Jucutuquara e seguiu para o Centro de Vitória até o Palácio, com a participação de 500 mulheres, e de representantes dos movimentos sociais, reunindo cerca de mil pessoas.
 
O principal ponto da pauta se referia às ações do governo Hartung para fechar as escolas dos assentamentos e acabar com a pedagogia da alternância, responsável por manter os jovens no meio rural. Essa metodologia intercala um período de convivência na sala de aula com outro no campo, no entanto, o governo decidiu pagar somente a hora/aula de cada educador, sem contabilizar o tempo de acompanhamento no campo e na auto-organização dos estudantes. 
 
O ato denunciou ainda os impactos ambientais e sociais das empresas do agronegócio, representadas no Estado principalmente pela Aracruz Celulose (Fibria) e Suzano Papel e Celulose, e seus impactos sociais e ambientais que ameaçam a produção saudável de alimentos e provocam o êxodo rural.
 
Os movimentos sociais cobravam também o reconhecimento, continuidade e expansão da pedagogia de alternância; aprovação das diretrizes das escolas de assentamentos e acampamentos; não fechamento de turmas, turnos e escolas do campo e da cidade; garantia de acesso, permanência, continuidade e qualidade social da educação básica; e editais específicos para a contratação de profissionais de educação efetivos e em regime de Designação Temporária para as escolas do campo. 
 
Em outras áreas, a assinatura de decreto de emergência do Estado em função da seca; construção imediata das barragens; assistência técnica, social e ambiental para todas as famílias assentadas; levantamento e destino das áreas devolutas do Estado para fins de reforma agrária; aquisição de áreas penhoradas nos agentes financeiros e destinação para reforma agrária; punição da Samarco, Vale e BHP por crime ambiental; e medidas contra a expansão dos plantios de eucalipto no Espírito Santo.
 
O governo Hartung recebeu a pauta das entidades ainda em 2015.
 
Nacional
 
Cerca de 700 agricultores familiares – 500 do Espírito Santo e 200 de Minas Gerais – participam de  manifestações também em Brasília nesta terça-feira. Eles cobram do governo federal medidas emergenciais em decorrência dos problemas que tiveram com as últimas safras e do prejuízo causado pela contaminação do rio Doce, após o crime da Samarco/Vale-BHP.
 
Entre as principais reivindicações dos agricultores familiares para amenizar o cenário de dificuldades está a anistia de dívidas para quem perdeu a safra e para quem teve a safra prejudicada. Eles pedem, também, uma política permanente de preservação de água que, por meio de reservatórios, permita aproveitar as águas acumuladas durante os períodos de cheia.
 
“Queremos também garantias para que a Samarco arque com cerca de R$ 1 bilhão de prejuízos causados pela lama derramada no rio Doce. Que a seguradora pague esse prejuízo e depois cobre da Samarco, porque sem irrigação não temos alimentos”, disse o presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares do Espírito Santo (Fetaes), Júlio Cézar Mendel, ao defender à Agência Brasil que, a exemplo do Seguro Defeso, as famílias prejudicadas sejam restituídas em R$ 5 mil por mês para compensar os danos.
 
Os camponeses do Estado encerraram 2015 sem qualquer condição de garantir a produção de alimentos em decorrência da seca, o que já comprometeu a colheita do ano que se inicia e ainda ameaça a de 2017.
 
A Fetaes assina, junto com Via Campesina, MST, Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), Associações de Pequenos Agricultores e igrejas, a pauta de demandas do campo entregue aos governos federal e estadual no ano passado.

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