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Videoclipe artístico da Velho Scotch faz reflexão sobre a desconstrução da cidade

 
Quando em 2012 a banda Velho Scotch lançou seu primeiro videoclipe da música Onde Está o Grande Tema?, eles apresentaram ao público um trabalho delicado e de intenso diálogo artístico com a pintura. Agora, quatro anos após o lançamento da peça audiovisual, a banda lançou nesta quarta-feira (23) seu segundo e mais novo videoclipe da canção Meus Vinte Anos.
 
O que percebe-se é que apesar dos quatro anos que separam essas produções, ambos os trabalhos mostram-se quase como uma interação, uma espécie de complementação. “De fato esse segundo clipe tem uma relação com o primeiro, a começar pela equipe de produção, que é bastante parecida e chegando à ideia de interpessoalidade de si mesmo do projeto, no sentido da corrente estética que gostaríamos de seguir. Os dois trabalhos falam de transformação e utilizam da arte para isso a partir de narrativas diferentes”, explica Anderson Bardot, vocalista da Velho Scotch
 
A artista plástica norte-americana Alexa Meade foi e continua sendo referência neste trabalho, que acrescenta ainda delicadas alusões ao cantor David Bowie, ao cinema de Buster Keaton e ao filme Metrópolis do diretor expressionista alemão Fritz Lang. Meus Vinte Anos apresenta propostas de  desconstrução, não só do homem, mas da cidade. É a partir de um personagem, que envolve a indefinição de masculino e feminino, que a narrativa se constrói. 
 
Na narrativa uma cidade cinza e conservadora passa pelo processo de desconstrução, auxiliado pela chuva cenográfica das gravações “Gravamos no terraço de minha casa e pouca coisa sobrou do cenário da cidade depois da chuva. Mas ainda consegui guardar um prédio para mim”, brinca Bardot. A imersão para a gravação durou três dias, fora as semanas de produção e construção de ideias. 
 
 
Por falar em ideias, o mote principal e que dá corporalidade ao videoclipe é de Bardot, mas a construção de tudo só foi possível a partir da parceria com a diretora Carol Covre, que também é irmã do músico.  “A ideia surgiu de uma conversa, mas enquanto artista sou muito imagético e caótico em tirar as coisas do plano das ideias. E como a Carol é espetacular nesse sentido de organização e de ter a visão do que quer atingir, nos unimos em prol dessa proposta.  O cenário da cidade foi remodelado diversas vezes por ela, para que se tornasse o que é no vídeo. Eu digo até que ela é a cidade da Carol”, destaca Bardot
 
E diante da intensa presença urbana neste trabalho, Bardot fala sobre sua relação com a cidade e o que surge disso. “Essa temática veio a calhar muito bem na época em que estamos vivendo e presenciando uma face mais facista da cidade. Então a partir do momento em que eu quis cantar musicas autorais, foi esse tipo de canção que quis fazer para esse inimigo presente na cidade. Refletir sobre a cidade hoje me deixa um tanto enraivecido sobre as possibilidades de transformação que o homem está deixando passar. Poderíamos diminuir estatísticas tão alarmantes no sentido social, como a violência contra a comunidade LGBT, a violência contra os negros, a criminalização da mulher enquanto pró-ativista do aborto. Mas estamos presos a esse fascismo, o que acaba refletindo no trabalho artístico”. 
 
Sobre o processo de montagem, Bardot destacou que foi quase uma 'carnificina' montar tudo, já que tantas coisas esteticamente chamativas precisaram ser retiradas necessariamente. Edição esta que ficou por conta de Carol Covre, Diego Locatelli e Caian Viola. Já a profissional responsável pela pintura corporal foi Priscila Valadão. 
 
O videoclipe de Meus Vinte Anos ainda terá estreia na TVZ no próximo dia 26; e no Canal Bis no dia 28. E ante ao sucesso do novo clipe, é possível ainda que a Velho Scotch realize alguns shows novamente, já que a banda encontra-se atualmente um tanto fragmentada devido aos projetos solos de cada integrante. A novidade é que Anderson Bardot planeja lançar em breve uma carreira solo. “o clipe é como uma passagem da banda para minha carreira solo”, finaliza o vocalista. 
 

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