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Classe artística de Vila Velha pede a saída do secretário municipal de Cultura

São recorrentes as manifestações de insatisfação da classe artística canela-verde às políticas culturais de Vila Velha. Num breve monitoramento das atividades culturais do município, nota-se que a pasta de Cultura tem se dedicado apenas à realização da Festa da Penha. A constatação foi motivo de indignação por parte do presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais de Vila Velha, Docca Loureiro, que em fevereiro passado fez uma espécie de denúncia sobre o abandono das políticas públicas de cultura no município. 
 
Diante da inércia do poder público, a classe artística apresentou ao prefeito Rodney Miranda (DEM) um manifesto de repúdio à permanência do vereador Andinho Almeida à frente da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer. “A presença (ou ausência) dele no cargo, vem causando sérios prejuízos à cultura vilavelhense e aos artistas locais, que se veem na triste condição de órfãos das políticas públicas. Quase todos desconhecem até a aparência física do secretário, pois sequer aos eventos de relevância para sua pasta ele comparece”, detalha um trecho do documento. 
 
A classe solicita que seja nomeado alguém bem articulado dentro das demandas culturais locais, no intuito de que seja possível o diálogo e o andamento de diversos pontos, como a maior atenção ao Plano Municipal de Cultura e sua execução; a dicussão direta com os artistas sobre o orçamento da pasta de cultura; a promoção de projetos artísticos e culturais, como oficinas nas comunidades periféricas; o acesso direto de artistas ao gabinete do secretário; e um dos pontos mais destacados, o funcionamento da lei municipal de incentivo cultural Homero Massena – parado há quatro anos. 
 
“O pouco que aconteceu nos últimos meses em Vila Velha, no que tange à movimentação cultural, partiu de iniciativas particulares e não do Poder Público. Das três vertentes sob seus cuidados (cultura, esportes e lazer),  o secretário Andinho só tem olhos para o esporte ou, melhor dizendo, para o time de  futebol que seu filho joga”, protesta outro trecho do manifesto.
 
 
Leia o manifesto na íntegra
 

Conselho Municipal de Políticas Culturais

MANIFESTO PÚBLICO AOS VILAVELHENSES

 

Este Conselho reúne representantes de todos os segmentos culturais e artísticos do município, profissionais indicados por suas entidades e que se dedicam voluntariamente e sem nenhuma remuneração à causa da cultura canela-verde. É nesta qualidade, atendendo aos clamores da classe artística local e sem quaisquer outros interesses, notadamente de natureza política ou partidária, que nos posicionamos através deste Manifesto Público, ao amparo daLei nº5.442/2013,que instituiuo Conselho, definindo-o como um órgão consultivo, deliberativo, normativo e fiscalizador, com as atribuições de colaborar com os Poderes Executivo e Legislativo no planejamento, organização, coordenação e na promoção de ações que visem o desenvolvimento cultural do município, bem como auxiliar na elaboração da proposta orçamentária para o setor, participar da política de cultura e dos planos de trabalho, acompanhando sua execução e avaliando os resultados.

Pois nada disso vem acontecendo em virtude do comportamento anômalo do atual titular da Secretária de Cultura, Esporte e Lazer, o vereador Andinho Almeida, figura completamente apartada da prática cultural e dedicada apenas aos seus interesses pessoais. A razão deste manifesto é externar nossa indignação e total insatisfação com esse “estado de coisas”.

Entendemos e julgamos próprio da natureza da política, que o Prefeito Rodney Miranda faça composições na formação de seu secretariado, mas acreditamos infeliz a escolha do referido vereador Andinho para ocupar a Secretaria de Cultura. A presença (ou ausência) dele no cargo, vem causando sérios prejuízos à cultura vilavelhense e aos artistas locais, que se veem na triste condição de órfãos de políticas públicas. Quase todos desconhecem até a aparência física do secretário, pois sequer aos eventos de relevância para sua pasta ele comparece, tendo faltado mesmo ao principal acontecimento do ano passado, a cerimônia de assinatura do Plano Municipal de Cultura, nossa grande conquista. E quanto ao remanejamento da Subsecretaria de Cultura, deu empate: seis por meia dúzia, a cultura Canela Verde continua a ver navios.

Enquanto no Estado, nos demais municípios da Grande Vitória e em muitas cidades do interior, a cultura avança de modo expressivo, em Vila Velha ela está praticamente paralisada desde a posse do secretário Andinho. Salvo a lenta reforma em andamento do teatro, nada mais vem acontecendo. Ressaltamos que essa paralisia não pode nem deve ser debitada ao dedicado corpo de funcionários da Secretaria. Apesar de não se manifestarem, por motivos óbvios, eles estão de mãos atadas e também sentem, tanto a falta de uma liderança firme como a sensação incômoda de não estarem contribuindo para ações efetivas, existindo até relatos de desmandos e perseguições internas, uma vez que o órgão aparentemente virou o escritório político do secretário, trabalhando por seus interesses e em seu interesse.

Este Conselho sempre foi um parceiro efetivo da Prefeitura e atua como caixa de ressonância dos anseios da classe, mas decidiu sem sua presença. Tampouco conseguem, nem os conselheiros nem os artistas vilavelhenses, serem  ouvidos e entendidos pelo secretário, que mantem-se ostensivamente à parte dos esforços empreendidos pelas outras secretarias municipais, em sua maioria desenvolvendo um trabalho sério, objetivo e bem sucedido.

O pouco que aconteceu nos últimos meses em Vila Velha, no que tange à movimentação cultural, partiu de iniciativas particulares e não do Poder Público. Das três vertentes sob seus cuidados (cultura, esportes e lazer),  o secretário Andinho só tem olhos para o esporte ou, melhor dizendo, para o time de  futebol que seu filho joga. O desprezo pela cultura pode ser medido pelo seu comparecimento à apenas duas de nossas reuniões do ano passado, com o agravante de ferir de morte a legislação, uma vez que até então cabia a ele presidi-las. Exime-se, quando cobrado, culpando o seu ex-subsecretário de cultura. Porem nós do Conselho Municipal de Políticas Culturais, continuamos trabalhando incansavelmente pela Cultura Canela Verde.

Em outras gestões já tivemos péssimos secretários, mas mesmo esses mantinham algum diálogo e desenvolviam alguns projetos. Já o vereador Andinho está conquistando, por seus próprios méritos, o título de pior e mais omisso secretário de cultura da história de Vila Velha. Acredita-se que atéo mês de abril/2016, ele deva pedir exoneração do cargo, para desincompatibilizar-se e tentar se reeleger, mas Vila Velha só tem a perder se esse homem continuar  no cargo. Certamente a inação e os desmandos continuarão e teme-se que as poucas verbas disponíveis sejam todas alocadas para atividades alheias à cultura, como já vem acontecendo. Dizemos então: Se queres perfeito, faça você mesmo. Então senhor prefeito, cadê seus olhos para a cultura deste município.

Queremos alguém que saiba o que é gestão cultural e que entenda minimamente o que são atividades culturais e sua importância para a sociedade.

Queremos alguém que dê atenção ao Plano Municipal de Cultura e acelere sua execução.

Queremos alguém com quem possamos discutir os orçamentos , pois  não somos convidados para o mesmo.

Queremos alguém que permita que os conselheiros e os artistas que representamos neste manifesto,tenham acesso ao seu gabinete.

Queremos alguém que promova o desenvolvimento de projetos artísticos e culturais, como, por exemplo, oficinas artísticas nas comunidades, vitais para tirar a garotada ociosa das ruas e transformar futuros jovens infratores em realizadores e consumidores de cultura.

Queremos alguém que desatrele Vila Velha da pecha de cidade-dormitório dos artistas canelas-verdes, pois aqui eles moram, mas aqui não conseguem trabalhar, tendo que se deslocar para a capital ou outras cidades capixabas.

Finalmente, e o mais importante, queremos alguém que interrompa o processo de agonia da Lei Homero Massena, nossa tão duramente conquistada lei de fomento cultural, e a ponha novamente em funcionamento, garantindo trabalho aos nossos artistas e atividades culturais para a população da cidade berço do Espírito Santo.

Vila Velha, 23 de março de 2016.

 

Docca Loureiro                                             Horacio Cesar Xavier

Presidente                                                      Vice Presidente

 

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