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Cavidades, um livro de embates sobre viver em sociedade

Cavidades, o livro de estreia de Anderson Bardot na literatura, é de fato uma obra repleta de questões. Talvez um livro de embates sobre viver em sociedade, sendo um homem constantemente podado por suas escolhas religiosas, amorosas e profissionais. A obra apresenta mais uma das facetas artísticas de Bardot, que também é compositor, vocalista da banda Velho Scotch, produtor cultural e estudante de audiovisual.

Na semana passada, Bardot foi um dos 23 participantes do lançamento coletivo de livros publicados pela Secretaria de Cultura do Estado (Secult). O evento foi feito no Palácio Anchieta, Centro de Vitória, e reuniu muitos escritores, leitores, amigos e público interessado. A quantidade de pessoas, e de autores oficiais, impossibilitou até o recebimento de livros e as esperadas trocas de experiências com os escritores. Bardot distribuiu a obra, cujos exemplares não duraram por muito tempo, já que o público marcou presença em peso. Quem ainda quiser o livro gratuitamente é possível conseguir com o próprio escritor por meio da rede social.

Acompanhe os projetos de Anderson Bardot

A poesia é o cerne que amarra todo o conjunto de Cavidades, um livro curto para se ler numa tacada só. Um livro visual também, desde sua capa, com uma estonteante foto – e que diz muito sobre a obra – até seus poemas minuciosamente trabalhados nas páginas em branco, alguns sem títulos, alguns em letras garrafais por inteiro, outros de canto e todos entrelaçados por mais fotos e um tema maior: o embate entre questões.

Anderson Bardot destaca que o universo do livro é o erotismo e a liberdade sexual. E são estes dois temas que fazem brotar muitas outras questões que ultrapassam a poesia de encantamento – aquela mais romântica e idealista – e chegam aos poemas que desconcertam quem lê. “A primeira leitura dos meus textos pode soar apenas erótico, e não é, somente, porque também é político, filosófico, terapêutico e estético. É um discurso lírico sobre a liberdade e o meu ponto de vista, cheio de contradições sobre o mundo que me cerca”, analisa Bardot.

E o desconcerto beira a poesia marginal, trazendo nos poemas tantos e tantos embates presentes na cidade, presentes no homem que questiona principalmente as colisões entre Sexo x Religião; Liberdade x Pudor; Se deixar viver x Se deixar morrer.

Quando a vida eterna morreu dentro de mim. Eu vivi intensamente (Além do que o braço alcança – Cavidades)

“Acredito que o erotismo é uma face, um personagem, uma persona da energia libidinal que vive dinamicamente entre a castração, a patologia e a libertação durante toda a vida de todo ser humano. Não gostaria de soar psicanalítico demais, e nem tenho gabarito para isso, mas eu me considero um homem libidinoso que vive nessa eterna busca de trazer para o papel os embates do conhecimento, do desejo (afeto) e do poder”, esclarece Bardot.

O conjunto de Cavidades, diante de tais temáticas se mostra então como um grito de liberdade – mais um dos tantos gritos artísticos de Bardot. O livro tem o potencial de gerar indagações sobre viver sendo podado por questões sociais e religiosas, criticando e até soltando ironias sobre alguns temas abordados. Deveras uma ótima estreia para agregar à produção da literatura contemporânea no Estado.

Serviço

É possível conseguir exemplares de Cavidades, de Anderson Bardot, a partir do contato com o autor (link no texto).

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