Os moradores de Vargem Alta, no sul do Estado, poderão conhecer nesta quinta-feira (28) a proposta do governo do Estado de criar uma unidade de conservação na região da Mata de Caetés, que irá garantir a proteção de aves ameaçadas de extinção, da vegetação nativa e de nascentes de rios. A consulta pública do Refúgio da Vida Silvestre (Revis) Estadual Saíra-Apunhalada será realizada às 19 horas, no Ginásio da escola de Castelinho.
O nome da unidade faz referência a uma ave que chegou a ser considerada extinta e hoje é classificada como criticamente em perigo de extinção, categoria de ameaça mais elevada da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN). Pesquisadores indicam que, hoje, existem apenas 50 indivíduos dessa espécie, que sofrem constantes ameaças devido à crescente degradação da mata atlântica.
A Saíra-Apunhalada (Nemosia rourei) permaneceu desaparecida por mais de 50 anos, até que, em 1998, foi redescoberta em um fragmento florestal na região serrana do Estado. Em 2003, foi registrada em uma área vizinha e, desde então, vem sendo observada apenas nesses dois locais. Antes, ocorria também nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro.
A proposta do Refúgio de Vida Silvestre possibilita proteger ambientes naturais e assegurar as condições para a existência e reprodução de espécies da flora local e da fauna residente ou migratória, sem a necessidade de desapropriações. Além de Vargem Alta, a unidade abrangerá os municípios de Alfredo Chaves, Castelo e Domingos Martins.
A demanda de ambientalistas é que essa área totalize cerca de cinco mil hectares, compreendendo ainda as nascentes dos rios Benevente, Itapemirim e Jucu.
A Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (SAVE Brasil), entidade que elaborou o estudo para criação do Revis, ressalta que a região centro-sul serrana do Espírito Santo é considerada uma Área Importante para a Conservação das Aves (Important Bird Area – IBA), portanto, de atuação prioritária. É habitada por mais de 250 espécies de aves, seis globalmente ameaçadas de extinção, entre elas a saíra-apunhala, espécie de extrema raridade e restrita a matas bem preservadas.
Segundo o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), a consulta pública tem a finalidade de apresentar à comunidade os motivos da criação e as restrições de uso para as comunidades do entorno, bem como coletar opiniões e esclarecer dúvidas.
A documentação sobre o assunto está disponível na sede do órgão para consulta da população, que também poderá protocolar sugestões até o dia 13 de maio.