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Governo ignora audiência de conciliação que pretendia evitar a greve dos rodoviários

O governador Paulo Hartung (PMDB) não enviou representante para a audiência de conciliação realizada na manhã desta terça-feira (3), proposta pelo Ministério Público do Trabalho no Estado (MPT-ES) para tentar impedir a deflagração da greve de ônibus, prevista para esta quarta-feira (4). A intenção do MPT-ES era reunir representantes do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários do Estado (Sindirodoviários-ES), da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado (Setpes) e do Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBUS), mas nenhum representante da Sesp compareceu à audiência.
 
A única demanda dos rodoviários para a deflagração da greve é mais segurança nos coletivos para motoristas, cobradores e usuários, por isso, a presença de um representante da Segurança era imprescindível para que as negociações avançassem. O governador no entanto, a partir do momento que foi colocada a possibilidade de paralisação, não quis participar das negociações. 
 
Sem conciliação, a greve foi mantida e na madrugada desta quarta-feira os rodoviários vão se reunir em assembleia para deliberar o prosseguimento do movimento paredista. 
 
O secretário de Segurança André Garcia ignorou a tentativa de conciliação e preferiu se manifestar por meio da imprensa. Ele disse, subjetivamente, que vem estudando ações para combater a violência nos ônibus. Garcia falou em adotar aplicativos para dispositivos móveis que ajudariam a denunciar a ação dos criminosos. 
 
Durante a audiência, o presidente do Sindirodoviários, Carlos Roberto Louzada, o Maguila, o que se pretende é a negociação com o Estado para melhorar a segurança no transporte público, tendo em vista o aumento da violência. Ele ressaltou que o trabalhador sai de casa para trabalhar, mas não sabe se volta. 
 
Os rodoviários querem que o Estado instale nos coletivos câmeras com transmissão em tempo real ligadas diretamente ao Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes) e mais blitze
 
Enquanto a Sesp apresenta um discurso subjetivo, a tecnologia para monitorar o transporte coletivo já existe e pode ser aplicada imediatamente.
 
O próprio MPT apontou que as negociações poderiam ter avançado se houvesse a participação da Sesp na audiência. De fato, o único órgão que poderia propor ações imediatas para impedir a deflagração da greve é a pasta de Segurança Pública, que tem os meios e para fiscalizar a segurança no transporte coletivo e propor as políticas públicas necessárias para coibir a criminalidade. 
 
A audiência terminou sem medidas práticas a serem tomadas, apenas com sugestões de criação de uma delegacia especializada ou a atribuição de uma delegacia para atuação nos casos de violência no transporte público; a criação de um comitê formado pelo Estado, Ceturb, sindicatos, polícias e guardas municipais para discussão de melhorias; e o planejamento de ações policiais, com abordagens nos ônibus e nas paradas, mas sem a presença do principal interlocutor, o Estado, nada avançou.

Disputa política

Na noite desta terça-feira, a assessoria de comunicação do MPT enviou nova nota à imprensa detalhando os pontos discutidos na audiência de conciliação e apontando que, durante a tarde, um grupo de rodoviários procurou o órgão e declarou que não houve efetivamente a realização de uma assembleia formal, mas apenas uma coleta de assinatura de listas de presença nas garagens, nos pontos finais e nos terminais rodoviários, sem observância do local de votação.

O depoimento será levado ao Tribunal Regional do Trabalho no Estado (TRT-ES), que realizará uma audiência de dissídio coletivo nesta quarta-feira.  O MPT também vai instaurar um procedimento de investigação para  apurar o possível desvio de finalidade da greve.

O que foi discutido na audiência de conciliação da manhã desta terça-feira, no entanto, não foram as disputas políticas em torno do sindicato, mas a falta de segurança no transporte coletivo, que vem se intensificando nas últimas semanas e depende de medidas da Sesp para ser combatida . A paralisação, diferentemente de outros movimentos paredistas dos rodoviários, passou a ter aparente o apoio da população, que também é vítima da violência que ocorre no transporte coletivo e cobra medidas do governo para combate-la.

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