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Manifestação pela democracia é violentamente reprimida pela Polícia Militar

Na manhã desta terça-feira (10) integrantes de movimentos sociais do campo e da cidade, além de sindicatos e centrais sindicais, liderados pela Frente Brasil Popular, realizaram uma manifestação nacional em defesa da democracia e contra o golpe expresso no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. No Estado, houve manifestações em frente ao Palácio Ancheita, em Vitória; na BR-262, em Viana; e na BR-101, em São Mateus (norte do Estado). A manifestação aconteceu simultaneamente em outros dez estados e no Distrito Federal. Todos se valeram da estratégia de bloquear vias de grande circulação de veículos nas primeiras horas da manhã.

O protesto realizado em Vitória foi dos que receberam forte repressão da Polícia Militar. Os manifestantes iniciaram a concentração para o ato a partir das 6 horas, interditando as avenidas Jerônimo Monteiro e Getúlio Vargas com pneus queimados. A escadaria em frente ao Palácio Anchieta também foi ocupada pelos manifestantes que exibiram faixas de apoio à presidente Dilma e contra o processo de impeachment que eles definem como golpe.

Por volta das 8 horas, a Tropa de Choque da Polícia Militar iniciou o processo de liberação das avenidas. Não houve diálogo. A PM usou bombas de efeito moral, spray de pimenta e balas de borracha para tirar os manifestantes da via. A violência, considerada desproporcional pelos manifestantes, foi generalizada, atingindo quem participa do protesto e pessoas que passavam pela região e não estavam envolvidas com a manifestação. Sobrou até para a imprensa.

Pelo menos três pessoas que não tinham qualquer envolvimento com os protestos foram atingidas pelo gás das bombas de efeito moral e passaram mal, necessitando de atendimento pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

As discussões entre os manifestantes e pessoas contrárias ao movimento foram dispersadas com spray de pimenta e a repressão continuou até que as pistas fossem completamente liberadas. Até mesmo o fotógrafo da Secretaria de Estado de Comunicação Social (Secom), Romero Mendonça, foi atingido por uma bala de borracha disparada pela PM.

Já no final da manifestação houve um princípio de tumulto entre manifestantes e profissionais da imprensa que cobriam o protesto, com um início de confusão, que foi rapidamente dispersada pela Polícia Militar. O Sindicato dos Jornalistas do Estado (Sindijornalistas-ES) divulgou nota repudiando as agressões contra jornalistas, destacando que é inaceitável impedir a liberdade de imprensa, um dos pilares da garantia de um país livre e democrático.

A medida desproporcional adotada pela Polícia Militar de Paulo Hartung (PMDB) dá o tom das ações que o atual governo vem adotando para reprimir manifestações encabeçadas por movimentos sociais.

O próprio secretário de Estado de Segurança Pública, André Garcia relatou, depois do episódio de repressão, que as próximas manifestações serão encerradas no nascedouro e que nesta terça-feira a ordem para reprimir o protesto demorou a ser dada, demonstrando a Secretaria de Segurança, que segue ordens do governo, não está disposta a dialogar.

 
As declarações do secretário ao Folha Vitória deixa claro que o governo criminaliza os movimentos de esquerda no Estado. “Estávamos acompanhando a movimentação desde ontem para que a gente pudesse negociar a desobstrução da via. Mas, infelizmente, não tivemos êxito na conversa. No entanto, o que aprendemos é que precisamos atuar com mais celeridade, impedir que eles se instalem nesses pontos. Com esse pessoal não tem conversa, a proposta deles é de fato tumultuar a vida do cidadão”

Os protestos realizados na BR-262 e na BR-101 foram realizados sem qualquer interferência da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e foram encerrados por volta das 8 horas.

Violência

Em menos de um mês, este é o segundo episódio de violência desproporcional adotado pelo governo Paulo Hartung. Em 25 de abril, moradores das comunidades próximas à inacabada rodovia ES-315, que liga Boa Esperança (norte do Estado) a São Mateus foram covardemente agredidos durante um protesto na BR-101 ao cobrarem a conclusão do asfaltamento da via.

A única demanda dos moradores era uma data para a conclusão do asfaltamento da estrada, iniciada ainda no governo de Renato Casagrande (PSB) e paralisada tão logo Paulo Hartung assumiu o governo, em janeiro de 2015.

No dia dos protestos, os moradores foram recebidos com bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e muita truculência. A fumaça das bombas atingiu uma creche e comércios da área urbana de São Mateus. Na ação, seis moradores foram detidos e um adolescente apreendido. Os adultos só foram liberados mediante pagamento de fiança no valor de R$ 300.   

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