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Deputados se reúnem com presidente da Samarco para articular retomada das operações em Anchieta

Políticos e empresários do Estado se articulam para intensificar a pressão aos órgãos responsáveis com objetivo de liberar a retomada das operações da Samarco/Vale-BHP em Anchieta, região sul capixaba. As estratégias foram debatidas em reunião promovida pelo presidente da Assembleia Legislativa, Theodorico Ferraço (DEM), com a participação do presidente da mineradora, Roberto Carvalho, nessa terça-feira (17), um dia após o novo ministro de Meio Ambiente Sarney Filho (PV-MA) se recusar a autorizar a volta das atividades da empresa em Mariana (MG).
No encontro, realizado no gabinete da Presidência, Theodorico voltou a defender a retomada das operações, como faz desde o rompimento da barragem, em novembro do ano passado. O demista também participou, nos últimos meses, de audiências com o mesmo propósito em municípios da região.
 “Danos ambientais aconteceram e como pagar por esses danos? É com a Samarco funcionando. A empresa representa muito para o Espírito Santo, são três mil empregos diretos. É preciso pensar com clareza, a Samarco vai virar ferro-velho? O nosso movimento é para que ela funcione, até para pagar o que ela está devendo ao meio ambiente e para produzir riquezas”, argumentou.
A movimentação dos deputados atende aos planos da Samarco de retomar as atividades até o final deste ano, evitando o adiamento do prazo, principalmente diante das recentes declarações do ministro. A expectativa era de que Sarney Filho acenasse positivamente para o pleito, o que não aconteceu.
O presidente da empresa, Roberto Carvalho, fez apelos aos deputados de que quatorze meses sem faturamento “é muito pesado para a empresa”. Ele espera agilizar os procedimentos e levar ao ministro, como declarou na reunião, “as garantias que a Samarco tem dado para as autoridades ambientais de Minas e para o retorno da operação com toda segurança”.
Também presente à reunião, o prefeito de Anchieta Marcus Assad (PTB) defendeu a volta da empresa com base no discurso econômico, assim como tem feito o prefeito de Mariana, Duarte Júnior (PPS). 
Já o presidente da Comissão de Infraestrutura, deputado Edson Magalhães (PSD), sugeriu uma articulação com o governo do Estado para elaborar uma proposta à União que viabilize a volta das atividades.
O município mineiro concedeu licença prévia à empresa para que comece a recuperar equipamentos e construa novos dutos em preparação à retomada das operações. Isso, no entanto, depende de licenças estaduais e federais.
Em visita à região devastada pelo rompimento da barragem nessa segunda, declarando-se assustado e preocupado com o cenário, o ministro afirmou que não se sente confortável em tomar alguma medida que concorra para a volta das operações. Além da situação ainda ser crítica, Sarney Filho destacou que os rejeitos de mineração ainda não foram totalmente contidos, mesmo passados mais de seis meses do crime.
A articulação atual do presidente da Assembleia, Theodorico Ferraço, é semelhante à que ocorreu poucos dias após o rompimento da barragem (vídeo abaixo), quando Roberto Carvalho ainda era diretor da Samarco. Na ocasião, entre elogios à responsável pelo maior crime socioambiental do País, Theodorico chegou a abençoar a empresa. Poucos dias depois, voltou a defender a Samarco, tratando-a como vítima.

 

O esforço do presidente do legislativo e da classe política em favor da empresa não ocorre, porém, para cobrar ações de reparação do crime às comunidades afetadas no Espírito Santo, até hoje desassistidas, nem para recuperação do rio Doce. Também nunca houve tamanho empenho contra a poluição do ar e dos recursos hídricos promovidos pela empresa há décadas no sul do Estado, sem qualquer providência. 

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