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Sem terras ocupam área explorada pela Aracruz Celulose no norte do Estado

Duzentas famílias sem terras ocupam, desde a madrugada dessa segunda-feira (23), uma propriedade explorada pela Aracruz Celulose (Fibria) no município de Aracruz, norte do Estado. O ato tem o objetivo de denunciar a expansão dos plantios de eucalipto e sua relação com a crise hídrica, além de cobrar do governo Paulo Hartung (PMDB) e da Justiça Federal agilidade nas ações sobre desapropriações e a destinação das terras devolutas à reforma agrária. 
A área ocupada, como informa o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), antes de ser apropriada pela empresa pertencia a pequenos proprietários rurais que foram expulsos ou obrigados a vender suas terras após ficarem ilhados entre os eucaliptais, sem a possibilidade de produzirem alimentos. Está localizada próximo ao Córrego do Índio, Lagoa de Baixo e Rio Frances. Na mesma região, encontra-se também o Assentamento Nova Esperança, formado por famílias camponesas. 
Segunda Ednalva Moreira Gomes, da coordenação estadual do MST, as ações que julgam as desapropriações de fazendas improdutivas reivindicadas pelos sem terras estão há anos emperradas na Justiça, sem qualquer decisão. 
Ela cita o caso da Fazenda Agril, também no município, com oito mil hectares, utilizada pela Aracruz Celulose para desviar a água do rio Doce para o rio Riacho – canal Caboclo Bernardo – e, assim, abastecer suas fábricas; e, em Linhares, da Fazenda Palhal, comprada pelo Estado e doada à Petrobras, e o terreno pertencente a Furnas – o MST foi obrigado a desocupar as duas áreas. Há ainda processos em vários outros municípios capixabas que a entidade aguarda decisão. 
A lentidão nos julgamentos, como aponta Ednalva, é um dos principais entraves para a realização da reforma agrária no Estado, impedindo que os camponeses sejam assentados. Dados da entidade apontam que no Espírito Santo existem hoje 750 famílias de sem terras acampadas, muitas esperando há mais de nove anos pela criação de um assentamento, onde se dedicam à produção de alimentos saudáveis.
Outro obstáculo é a não destinação das terras devolutas à reforma agrária pelo governo Hartung. Embora os movimentos do campo reivindiquem há anos, o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) não divulga o mapa dessas áreas. 
Somente em Aracruz, o MST afirma que são 400 mil hectares de terras devolutas exploradas pela empresa para os plantios de eucalipto. Ao todo, no Estado, esse número sobe para cerca de um milhão de hectares, a maior parte ocupadas por latifundiários e empresas como a Aracruz Celulose.
As famílias que estão na área em Aracruz desde essa segunda são provenientes de assentamentos da região e preparam o local para permanência. O MST pretende fortalecer a ocupação e iniciar os plantios de alimentos orgânicos, que ao contrário da monocultura do eucalipto, não utiliza agrotóxicos. 
Os sem terras estão mobilizados em vários estados com atos e ocupações. As ações pretendem reforçar a luta pela reforma agrária no País.

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