Sob pressão da bancada ruralista, representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), durante audiência pública nesta quinta-feira (13), prometeram aos senadores rever a norma que limita a pulverização aérea de inseticidas.
De acordo com a portaria publicada em julho deste ano, que tem gerado muito controvérsia entre os ruralistas, a pulverização aérea fica restrita a inseticidas usados principalmente em plantações de soja, algodão, cana-de-açúcar, trigo, arroz e citros.
Luiz Eduardo Rangel, do Mapa, afirmou aos senadores que o governo poderá ampliar a flexibilização, para garantir o cumprimento de contratos de compra e aplicação de agrotóxicos na safra 2012/2013. Já o representante do Ibama, Márcio Rodrigues de Freitas, se mostrou aberto a ajustes na norma, mas observou que haverá algum tipo de restrição na aplicação aérea dos inseticidas.
Para aumentar a pressão sobre o governo, os ruralistas estão prevendo prejuízos financeiros e o corte de postos de trabalho, caso a portaria não seja revogada.
Diante da pressão, o Ibama já liberou a aplicação para parte das culturas, mas autorizou apenas uma aplicação em todo o ciclo produtivo da soja e manteve a proibição para citros e algodão.
Exemplo
No Espírito Santo, a utilização de aeronaves para a pulverização de lavouras já é proibida no município de Vila Valério, região noroeste do Estado. A lei que veta o uso de venenos agrícolas por via aérea vigora desde agosto do ano passado no município. O produtor que descumprir a lei é multado em cerca de R$ 16 mil.
Os vereadores capixabas justificam a aprovação da lei devido aos impactos negativos que os agrotóxicos causam à natureza e à saúde humana. As substâncias utilizadas na pulverização aérea das plantações da região são de altíssima toxidade, segundo apontaram, à época da aprovação da lei, os vereadores. Eles também afirmam que a restrição não afetou a produtividade agrícola do município, que produz basicamente café do tipo conilon
Abelhas em risco
Os inseticidas proibidos, que contêm ingredientes ativos imidacloprido, tiametoxam e clotianidina, além dos riscos para a saúde humana, podem reduzir o número de abelhas que são responsáveis pela polinização de 73% das espécies agrícolas cultivadas no mundo.
Os produtos apresentam alta toxicidade aguda, causando a desorientação das abelhas, que não conseguem retornar à colmeia, resultando no fim das colônias.
Márcio Freitas, do Ibama, alerta sobre a importância das abelhas na manutenção da produtividade e lucratividade das lavouras e afirmou que, na China e em países da Europa, já é alto o gasto com serviços de polinização, enquanto no Brasil a polinização “é de graça”, por conta da biodiversidade do País.