Em reunião realizada nessa segunda-feira (6), em Paul, Vila Velha, moradores do bairro relataram aos deputados da Comissão de Infraestrutura (Coinfra) da Assembleia Legislativa prejuízos provocados pelas obras de aprofundamento do Porto de Vitória, realizada pela Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa). Os moradores garantiram que as explosões, ocorridas no fundo do mar, causaram rachaduras nas estruturas das casas.
Após testemunhar os relatos, a comissão irá acionar o Ministério Público Federal (MPF-ES) para acompanhar o caso das rachaduras. Segundo os moradores, nem Igreja Santa Terezinha escapou. As obras foram iniciadas em 2012.
Na reunião, os moradores estranharam a informação de que o impacto das explosões foi monitorado por uma empresa particular contratada pela própria Codesa. Hoje, diz Paulo César Froes, líder comunitário local, a grande preocupação é a continuação das explosões. Segundo ele, em reunião realizada em janeiro, o diretor de Infraestrutura e Operações da companhia, Guilherme Magalhães, garantiu o prosseguimento das explosões.
Mas na reunião com os deputados, o tom foi outro: ele não confirmou, nem negou novos procedimentos, que, no entanto, se voltasse a ocorrer, seria em outro local.
Agora, a principal exigência dos moradores é a ampliação do raio de abrangência para monitoramento de riscos. A companhia determinou um raio de apenas 30 metros, dentro do qual as avarias seriam vistoriadas. Fora disso, nada. “Mas eu moro a 500 metros da baía e senti o tremor”, diz Froes. Histórias de rachaduras e trincas nas casas são comuns em Paul após as obras de dragagem no Porto de Vitória.
Os moradores também cobraram o cumprimento de velhas exigências: a instalação de um cinturão verde na retroárea do terminal de Paul e a preservação do leito do Rio Aribiri. O cinturão poderia amenizar a dispersão de partículas causada pela movimentação de cargas no porto. Para a construção da retroárea, explica Froes, a Codesa desviou o rio, que é saída das águas pluviais na região de Paul. Hoje, o acúmulo de lixo no leito do Aribiri prejudica a saída das águas.