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Com promessas vagas, novo secretário de Transportes de Vitória começa jogando para a plateia

O novo secretário de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana de Vitória, coronel Oberacy Emmerich Junior, começa jogando para a plateia. Há pelo menos três meses, a Setran chacoalha ao sabor de denúncias e má gestão. De um lado, estão indícios de fraudes no serviço de táxi; do outro, uma população irada com o serviço municipal de transporte público. Mais além, uma política cicloviária inconsistente. 
 
Promessas são naturais a qualquer novo titular de uma pasta. O problema é quando elas parecem um tanto divorciadas da realidade. Fica difícil botar fé no objetivo do novo secretário de tirar carros das ruas estimulando o cidadão a trocá-los pela bicicleta ou o ônibus. O que não se fez em três anos em meio, não será feito em seis meses. O resto é promessa vazia.
 
A Setran revelou-se a grande pedra no sapato do prefeito Luciano Rezende (PPS). Não à toa, sete secretários já tentaram guiar essa nau. Em vão. O último titular, Josivaldo de Andrade, foi tragado justamente pelas vagas dos ônibus e dos táxis. Foi silenciosamente exonerado em maio e substituído por Joseane Zoghbi.
 
Josivaldo forçou a implantação do Integra Vitória, projeto da prefeitura de integração do sistema de transporte municipal. Com duas semanas de críticas, o projeto sucumbiu. Mais adiante, enfrentaria nova crise dos ônibus, que custou o cargo de seu subsecretário, Fernaldo Repinaldo, exonerado após defender a redução de frota das empresas.
 
No meio disso tudo, surgiram a denúncias de fraudes no serviço de táxi, que, até aqui, são a principal fonte de constrangimentos à Setran. Em série de reportagens, Século Diário apontou a formação de frotas particulares que podem gerar cerca de R$ 300 mil por mês. As denúncias apontam a Setran como o núcleo de proteção e organização do esquema dos táxis em Vitória. A secretaria protelou auditorias e se omitiu ante a concentração de procurações para a gestão de permissão nas mãos de poucas pessoas.
 
O principal obstáculo do coronel são as duas CPI’s que investigam o serviço de táxi de Vitória. A CPI da Máfia dos Guinchos se concentra na apuração de denúncias de fraude na licitação de táxi que concedeu novas placas. A comissão anunciou o requerimento da suspensão do certame ao Tribunal de Contas do Estado (TCE). 
 
As últimas sessões da outra CPI, a dos Táxis, na Câmara de Vitória, expuseram o esquema das procurações como mecanismo de formação de frotas particulares de táxi. Um permissionário depoente confessou ser laranja do próprio cunhado, que aluga o veículo por procuração para uma terceira pessoa.
 
Por fim, ao defender o transporte alternativo, o secretário irá encontrar uma infraestrutura cicloviária precária, que o Bike Vitória, sistema municipal de compartilhamento de bicicletas, não releva. A gestão Luciano Rezende pouco avançou além da construção de ciclovias. Será dura a missão de tirar carros das ruas.

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