A Prefeitura de Vila Velha fixou prazo de dois dias para a demolição dos imóveis de 14 proprietários em Morro de Boa Vista, em São Torquato, Vila Velha. A informação foi publicada na edição de quinta-feira (9) do Diário Oficial em um termo de ciência de demolição de imóvel. O município considera a inserção dos proprietários no Programa Aluguel Social e a estrutura comprometida das residências para realizar a demolição.
O município acenou com o pagamento de indenização, mas eles temem que o valor não seja correspondente ao que consideram justo pelo imóvel. A moradora Pâmela Rangel é uma delas. A casa da mãe, Marli Rangel Pereira, consta na lista. Era uma construção espaçosa de quatro quartos e que, ainda, estava alugada. O valor ajudava os rendimentos dela.
Ela dá outro exemplo, mais agudo, de uma vizinha que perdeu uma casa de dois andares. “Estamos perdidos. Ninguém sabe o que vai acontecer de fato”, pontua. A moradora informa que uma reunião dia 28 de junho entre moradores, Prefeitura de Vila Velha e o Ministério Publico Estadual (MPES) vai discutir o valor das indenizações. Quem não concordar, o Estado vai oferecer assessoria jurídica com a Defensoria Pública.
“Todo mundo tem o mesmo sentimento de que o que perdeu, ficou perdido, não tem retorno”, resume Pâmela. A líder comunitária da região, Patrícia Crizanto, reforça que erguer uma casa no morro é tarefa dura. “A gente sabe que o acesso ao morro para material de construção é difícil. Foi com muita dificuldade que os moradores construíram as casas. Então, eles querem um retorno rápido e justo”, diz.
Região com graves problemas de infraestrutura urbana, o Morro da Boa Vista foi atingido em 1° de janeiro pelo deslizamento de uma rocha de três mil toneladas e fragmentos de peso não menos impressionantes. Cerca de mil pessoas tiveram que abandonar suas residências. Para quem visitou o local, a sensação é de que só a sorte explica a ausência de vítimas.
A partir daí, a gestão Rodney Miranda (DEM) tratou a crise com demora e despreparo, se preocupando mais com as obras de contenção de rochas que com a assistência aos moradores.
Um mês depois, desabrigados e desalojados ainda estavam à deriva, sem informações de recebimento de Aluguel Social ou retorno para as respectivas casas. A escola municipal Juiz Jairo de Mattos Pereira virou por mais de um mês um abrigo municipal improvisado, cujas salas quentes com ventiladores quebrados e banheiros sem drenagem receberam críticas. A qualidade da alimentação oferecida revoltou os desabrigados.