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Vexame faz Brasília finalmente se mexer para reabrir o Museu Mello Leitão

Foi preciso fechar as portas para que alguma solução começasse de fato a ser desenhada. Ao anunciar que suspenderá a visitação pública a partir deste sábado (18), o Museu de Biologia Prof. Mello Leitão(MBML)/Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), localizado em Santa Teresa (região serrana), recebeu um pouco mais de atenção por parte do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI).

Desde fevereiro deste ano o Ministério não repassa verbas para despesas administrativas – energia elétrica, limpeza, vigilância, recepção –, forçando o Museu a ficar inadimplente com seus fornecedores. Em abril, mais um golpe: a exoneração do rol de responsáveis, ou seja, do coordenador de despesas, gestor financeiro e responsável pelos registros de gestão. Sem essas pessoas, a entidade não paga e não contrata nenhum serviço. A situação chegou no limite quando a empresa responsável pela limpeza retirou seus funcionários nesta sexta-feira (17), obrigando o Museu a fechar as portas ao público.

Depois do anúncio, o ex-chefe administrativo do MBML/INMA (exonerado no dia 19 de abril junto do diretor-geral e do chefe técnico), Gildo de Castro, recebeu um telefonema do secretário-executivo do Ministério, Luiz Fernando Fauth, com a promessa de que será feito um pagamento emergencial do contrato de limpeza para que o Museu possa reabrir suas portas ao público o mais rápido possível.

A bancada capixaba na Câmara e no Senado também tem patinado no assunto e definitivamente não teve nenhuma atuação efetiva no caso. O pesadelo começou no final de 2015, justamente quando se comemorou o centenário de Augusto Ruschi, Patrono da Ecologia do Brasil e fundador do MBML, em 1949. Em dezembro, o governo federal anunciou a fusão do INMA com outros dois institutos, o que reduziria gravemente sua autonomia e capacidade real de atuação e cumprimento de seus objetivos estatutários.

Incrível é que o anúncio foi feito antes mesmo do recém-criado Instituto Nacional da Mata Atlântica ser regularizado por um decreto federal. Ou seja, o que já está desorganizado ficou ainda mais desestruturado. A Sociedade dos Amigos do Museu Mello Leitão (Sambio) passou a solicitar aos deputados e senadores que reagissem ao golpe, mas apenas algumas reuniões e tímidas movimentações aconteceram, sem resultados reais.

Há cerca de 20 dias, já antevendo a suspensão da visitação, a Sambio fez nova tentativa com os parlamentares, desta vez diretamente com o deputado federal Lelo Coimbra (PMDB), que se posicionou comprometido a viabilizar o restabelecimento do trio que forma o rol de responsáveis da instituição, para que ela possa voltar a ter capacidade administrativa e financeira, honrando os contratos com seus fornecedores e permitindo seu funcionamento normal, inclusive com as visitas públicas de escolas, grupos organizados e turistas em geral.

Apesar de todo o vexame em que se viu envolvido pelo MCTI e a bancada capixaba em Brasília, o otimismo prevalece (provavelmente alimentado pela força, ainda presente, do fundador Augusto Ruschi): “O Museu não vai ficar fechado por muito tempo”, roga Gildo de Castro. 

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