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Permissionária de Vitória admite: nunca dirigiu táxi

Ouvida na sessão dessa segunda-feira (20) da CPI da Máfia dos Guinchos, na Assembleia Legislativa, a permissionária Kariza Amorim voltou a prestar depoimento, desta vez na sessão desta terça-feira (21) da CPI dos Táxis, na Câmara de Vitória. Kariza reafirmou o depoimento que deu à CPI dos Guinchos: nunca dirigiu um táxi e nem foi exigida pela fiscalização da Prefeitura de Vitória para tal. Seguindo Kariza, a única exigência da prefeitura era apresentação de documentação em dia e do bom estado do veículo.
 
O presidente da CPI, Devanir Ferreira (PRB), questionou que se ela vai passar a dirigir o táxi. Kariza afirmou que sim.
 
Kariza Amorim basicamente repetiu seu depoimento à CPI dos Guinchos. Ela é permissionária há cerca de seis anos do veículo 0209, que opera no ponto da Rodoviária de Vitória, mas que nunca dirigiu o táxi. A administração da permissão é feita pelo pai, taxista aposentado por invalidez em 2005, como o próprio disse aos vereadores em depoimento voluntário. Adauto Amorim, então, transferiu a permissão para a filha.
 
O relator Serjão Magalhães (PTB) propôs que a CPI solicite à prefeitura os documentos de transferência da permissão para verificar o amparo legal do processo. Karina também voltou a dizer que não conhecia o decreto municipal que obriga o permissionário a prestar o serviço. “Tive ciência dessa lei ontem”, falou, à CPI da Assembleia Legislativa.
 
Kariza afirmou que fez procuração por 15 dias para o taxista Valdir Jorge Souza realizar emplacamento e outros serviços burocráticos. “Então por que a procuração está em nome dele e ele está recebendo diárias dos defensores?”, questionou Devanir, se valendo de informações que chegaram à comissão. “O que consta pra mim é que essa procuração não tem mais validade”, respondeu a permissionária. Ela afirmou ter certeza que Valdir não tem mais poderes sobre a permissão.
 
Devanir disse que, segundo as mesmas informações, Valdir cobra diárias dos defensores de Kariza, que, por sua vez, respondeu que o regime de trabalho adotado é de comissão, em que os defensores ganham 40% da renda líquida do dia. Adauto Amorim reafirmou a informação. 
 
A diferença entre os dois depoimentos de Kariza é que ela mostrou certa insegurança quando o presidente da CPI dos Táxis perguntou quanto o pai recebia. Pela lógica, 60% da renda líquida, mas Kariza hesitou. Devanir, então, sugeriu que o depoimento dela foi orientado por terceiros. “Parece que a senhora não foi completamente orientada. Orientaram uma parte e se esqueceram de orientar a outra”, falou.
 
O vice-presidente Reinaldo Bolão (PT) questionou a informação de que ela, como os demais permissionários, pagavam R$ 250 em média por mês para Valdir realizar “serviços burocráticos”, como eles disseram à CPI dos Guinchos. “É duvidar da inteligência da gente que se paga R$ 3 mil por ano ao senhor Valdir para nada. Tem uma coisa aí que a gente precisa descobrir o que está acontecendo”. 
 
A CPI também ouviu o fiscal Ivo José Amaral dos Santos, que trabalha há 32 anos na Prefeitura de Vitória e há um mês fiscaliza o serviço de táxi no Aeroporto de Vitória. Ivo afirmou que sempre envia relatório de trabalho para a prefeitura. Mas disse desconhecer denúncias de que as corridas mais caras são direcionadas aos diretores da Associação dos Permissionários de Táxi do Aeroporto de Vitória (Apta) e, ainda, que desconhece a regulamentação municipal do serviço de táxi. Ivo afirmou que é subordinado à gerente de Fiscalização da prefeitura, Adriana Sossai.
 
Trabalha de 6h às 14h no Aeroporto. Fiscaliza, sim, sempre manda relatório. Requerimento desses relatórios dos fiscais no prazo de 72 horas. “A gente sempre manda relatório”. Adriana que vai o relatório. Trabalha há apenas um mês no local. Diz que sabe que é permissionário e defensor verificando os crachás, etc. Não conhece o decreto de regulamentação do serviço de táxi. Subordinado à Adriana. Desconhecimento sobre venda de placas, nem corridas privilegiadas a diretores da Associação dos Permissionários de Táxi do Aeroporto de Vitória (Apta). Repetiu o discurso de que no aeroporto são oferecidos preço de tabelo e taxímetro.
 
A CPI recebeu algumas denúncias. A mais grave afirma que o taxista Ataíde Mateus, ouvido pela CPI dos Guinchos semana passada, estaria ameaçando defensores com arma, para mentir em depoimento à CPI dos Táxis. Ataíde é apontado por taxistas de Vitória como um dos grandes gestores de placa do município, que controlaria cerca de 15 veículos.
 
Outra denúncia afirmava que o táxi 0451 pertence a uma funcionária da Caixa Econômica Federal. A permissionária não dirige o veículo, que é defendido pelo esposo dela e por um auxiliar. Ainda segundo a denúncia, o esposo foi contemplado com uma placa na recente licitação de táxi. 
 
A terceira afirmava que os táxis 0212, que opera no ponto Jardim da Penha C, e 0328, que opera no Hotel Íbis, na Praia do Canto, pertencem ao dono de uma imobiliária. Devanir propôs, ainda, convocar o permissionário da placa 0292 após afirmar ter recebido no celular um áudio em que o suposto gestor da placa ameaça com xingamentos o defensor endividado com diárias.
 
Bolão ainda encaminhou pedido para que a CPI realize auditoria de todas as permissões, após a informação de que funcionários da Câmara foram ao endereço de um permissionário fornecido pela prefeitura para entrega da convocação para depoimento na CPI. Mas só encontraram uma casa vazia à venda. O vereador criticou a falta de fiscalização das permissões pela prefeitura. 
 
Também foi anunciado que a CPI dos Táxis deve ser prorrogada por mais 90 dias.

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