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Manutenção de fundos previdenciários depende de ingresso de servidores efetivos no Estado

O governador Paulo Hartung (PMDB) planeja adotar medidas impopulares para mexer em benefícios que servidores. Mais uma vez, Hartung transfere a parte pesada da conta para os trabalhadores e mantém a política de benefícios fiscais ao setor empresarial. Em entrevista ao colunista Raymundo Costa, do jornal Valor Econômico, publicada nesta terça-feira (5), Hartung voltou a defender a idade mínima para a aposentadoria de servidores públicos, além da revisão e reequilíbrio dos regimes especiais de aposentadoria, o que impactaria diretamente professores e policiais.

Ele argumentou que a reforma no regime geral de Previdência não pode ser negligenciada, defendendo que haja uma “convergência de regras para regimes próprios do serviço público”.

O governo aposta na alegação que o suposto “rombo” no Instituto de Previdência dos Servidores do Estado (IPAJM) para justificar a necessidade de reforma, apontando que precisa fazer aporte para garantir os pagamentos.

No entanto, como aponta o diretor do Sindicato dos Servidores Públicos do Estado (Sindipúblicos-ES), Rodrigo da Rocha Rodrigues, que também é advogado autárquico do IPAJM, o que houve no IPAJM foi a má gestão das contribuições dos servidores. Ele esclarece que os servidores atendidos pelo fundo financeiro do IPAJM contribuíram a vida inteira para terem direito à aposentadoria, mas não houve capitalização dos recursos.

Rodrigo salienta que o fundo financeiro atende a servidores que ingressaram no Estado até 2004 – quando foi criado o Fundo Previdenciário – e o “rombo” é anterior a essa data. De acordo com os cálculos, existe uma curva nessas aposentadorias que no início tende a ser ascendente, mas se estabiliza e necessariamente será descendente. Portanto, os servidores do fundo financeiro deixarão de receber os benefícios, seja por óbito, ou pela falta de dependentes.

Já o fundo previdenciário é superavitário, já que a contribuição dos servidores é aplicada no mercado financeiro. “Por isso, não é provável que haverá o mesmo 'rombo' que se alega haver no fundo financeiro”, esclarece Rodrigues.

O diretor do Sindipúblicos também aponta a contradição do governador ao alegar que em pouco tempo o Estado poderá ter mais servidores aposentados do que na ativa quando, na verdade, é o próprio governo Hartung que evita fazer concursos públicos e mantém na máquina mais de 50% de servidores entre terceirizados, em designação temporária, comissionados e estagiários. E nenhum desses grupos contribuem para a previdência estadual, fomentando assim um grande desequilíbrio.

O advogado lembra que o IPAJM trabalha com cálculos atuariais que, por intermédio de estatísticas, faz uma previsão da viabilidade financeira, calculando inclusive quantas pessoas teriam de ingressar nos quadros do Estado para suprir essa força de trabalho que se aposenta. No entanto, o atual governo, sob a cartilha do “Estado Mínimo”, privilegia a terceirização dos serviços, para entrega de setores públicos inteiros para grupos empresariais, em detrimento da realização de concurso público para suprir a demanda tanto das atividades-fim do Estado, quanto da previdência estadual.
 

Repercussão

A proposta de revisar os regimes especiais de aposentadoria repercutiu na sessão ordinária da Assembleia Legislativa desta terça-feira (5). O deputado Sérgio Majeski (PSDB) lembrou que os professores e policiais podem se aposentar com menos tempo de contribuição pelo fato de as atividades serem exaustivas e perigosas.

O parlamentar ressaltou que essas categorias não gozam de valorização nenhuma e que até se admitiria essa revisão se junto dela viesse outro projeto que garantisse a qualidade do trabalho e salários mais dignos a esses servidores. “Não há nenhuma vantagem para categorias sem nenhuma valorização”.

Ele salientou que primeiro se deveria propor mexer na aposentadoria da elite do serviço público – que está no Judiciário e no Ministério Público – que já tem uma carreira privilegiada por inúmeras regalias e altos salários.

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