A Polícia Civil cumpriu nesta terça-feira (13), em Linhares (norte do Estado), vários mandados de busca e apreensão no Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), localizado no bairro Colina. Segundo técnicos da autarquia presentes no momento, a Polícia recolheu documentos e teve acesso a vários contratos de licitação e administrativos suspeitos de irregularidades. A ação representa a segunda fase da Operação Tritão, deflagrada no município em maio deste ano.
Não teriam sido encontrados, no entanto, justamente os contratos com as duas empresas que motivaram a investigação: uma que faz o trabalho de sucção e outra responsável pela manutenção das bombas elevatórias da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). “Entendemos isso como sinais claros de que são mesmo ilícitos”, avalia, em nome dos servidores do SAAE mobilizados sobre a questão, o técnico Jhone Jácome Ferreira.
O empresário Honório Frisso Filho e o então diretor do órgão, Sandro de Freitas, já foram indiciados na primeira fase da investigação pelo crime de peculato, na modalidade desvio de recursos públicos. Foi constatado desvio de energia de dentro do SAAE para o terreno de Frisso, que seria um dos principais contratados da autarquia. Freitas foi afastado do cargo por trinta dias, prazo que termina no próximo dia 24 de julho.
Nesta quarta-feira (13), os servidores e membros do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente (Sindaema) realizam uma assembleia para deliberar sobre novas ações de apoio às investigações da Polícia Civil e à instalação da CPI na Câmara de Vereadores, além da interrupção do processo de privatização do órgão. Também pretendem comemorar, por ora, o desfecho da questão do racionamento de água, que terminou em acordo com a Prefeitura.
Os trabalhadores também entendem que todas essas denúncias de corrupção não prejudicam a imagem da instituição, e sim da gestão do órgão e da prefeitura. Para eles, a Operação Tritão é “de suma importância para a sobrevivência do SAAE, pois acaba por interromper um pouco o processo de concessão”.
No município, os servidores e o Sindaema denunciam estratégia de desmoralização e sucateamento do SAAE para privatizá-lo. Projeto nesse sentido foi encaminhado em maio para a Câmara, segundo a entidade, às escondidas. Numa rápida mobilização, conseguiram fazer o PL voltar para o Executivo, para ajustes. Os trabalhadores garantem contar com apoio da população na campanha contra a privatização.