Cerca de mil camponeses de todo o Espírito Santo ocupam na tarde desta quinta-feira (14) a rodovia federal BR 259, próximo à segunda ponte de Colatina, no sentido Vitória. A atividade faz parte da Jornada Unitária Campo e Cidade: Por Nenhum Direito a Menos e conta com apoio de pescadores, ribeirinhos e moradores de Colatina atingidos pelo crime ambiental da Samarco/Vale-BHP.
De fato, é sabido que membros das comunidades diretamente atingidas pela lama de rejeitos da Samarco têm sido ameaçados para não lutarem por seus direitos, já que a empresa não tem cumprido as determinações da Justiça, sequer do Acordo feito com os Estados e a União.
Os manifestantes da Jornada estão reunidos desde essa segunda-feira (11) em um Acampamento Permanente no galpão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no município. O objetivo é sensibilizar os governos estadual e federal para realizarem ações concretas de mitigação dos efeitos da crise hídrica que atinge a agricultura camponesa, especialmente no norte e noroeste capixaba, onde a seca reduziu drasticamente a produtividade, entre 79% e 90%. A agricultura familiar é responsável por mais de 70% dos alimentos consumidos no país e a que mais gera emprego no setor.
A pauta de reivindicações é centrada em três pontos: anistia da dívida junto ao Banco do Brasil, devido à impossibilidade de quitação dos financiamentos em vista da queda produtividade; crédito subsidiado para compra de alimentos, água e investimento na lavoura; e recuperação florestal; além do apoio à luta das comunidades atingidas pelo crime da Samarco, que só aumentou a problemática ambiental e hídrica na região.
Nesta quinta-feira (14), os manifestantes estiveram pela manhã reunidos em uma formação teórica sobre recuperação de áreas degradas e conservação de nascentes, conduzida pelo Pastor Adair, do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (Conic).
O Acampamento Permanente da Jornada prosseguirá com os manifestantes se revezando periodicamente, até que as pautas sejam acolhidas pelo poder público. Eles ainda aguardam agendamento de audiência com o governador Paulo Hartung (PMDB) e resposta da direção do Banco do Brasil. Nesses dias de mobilização, os camponeses levaram a reivindicação da anistia à bancada capixaba do Congresso e à superintendência regional do banco.