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François Villon, o primeiro dos poetas malditos (parte-II)

François Villon, de volta a Paris, envolve-se ainda em 1463 numa rixa de companheiros com os escreventes de mestre Ferrebouc: acaba por receber a condenação, desta vez,  à morte pelo preboste, a ser pendurado e estrangulado, isto é, uma condenação por enforcamento, tendo então, diante deste contexto, escrito o seu famoso poema “Balada dos Enforcados”, e uma quadra menos edificante (“Je suis Françoys, dont il me poise”, etc.).

François Villon, o primeiro dos poetas malditos (parte – I)

A Corte do Parlamento, no entanto, muda a sentença em desterro de Paris, por um período de dez anos. E o fato mais curioso e espantoso é que a partir deste desterro, ainda em 1463 para diante, não há mais qualquer registro a seu respeito, Villon desaparece. Sua figura personificada em poeta maldito e marginal, por sua vez, era uma ideia que foi calcada pelos estudantes da Sorbonne e também da associação de clérigos do Palácio, conhecida como Basoche, e também por delinquentes, como os Coquillards, notórios falsificadores de relíquias de Santiago de Compostela, que fizeram com que Villon fosse reconhecido por alguns autores românticos como o precursor dos poetas malditos. A lenda de Villon, portanto, era a fronteira nada lisonjeira em que a arte se encontra com a simples delinquência, uma romantização de arte rebelde muito atraente para jovens perdidos e gerações na beira da explosão.

 

O fato incrível de Villon desaparecendo de Paris é um fato histórico, e então não se sabe nem onde e nem quando ele morreu; mas virou uma espécie bem curiosa de lenda da história da poesia, como faz crer o testemunho que vieram a se tornar anedotas que correram sobre sua vida, e o fato de ter tido numerosas edições depois da primeira, de 1489, e também num pequeno espaço de tempo ter se tornado personagem de Rabelais. Como documento organizado, por sua vez, a obra de Villon só ganhou corpo quando Marot estabeleceu seu texto em 1533, pois achava as edições anteriores deturpadas de tanto correrem; e a partir do século XIX os editores começaram a valer-se de manuscritos apógrafos de suas obras, que em número de cinco, três dos quais estão em Paris, o quarto na Biblioteca de Estocolmo e o quinto na Galeria das Estampas de Berlim.

Da vida amorosa de Villon não se conhece exatamente o que é real ou simbólico, sendo referendada, no entanto, uma possível junção de personas que dizem de uma única mulher: adepto da posição de mártir do amor, cita nominalmente em sua poesia Catherine de Vaucelles, Rose e Marthe (esta em acróstico), além de outras figuras como a Grosse Margot, da vida airada. Os biógrafos ignoram, por sua vez, se as três primeiras eram três pessoas ou uma só, variamente denominada. A nomenclatura pode ter sido diversa em uma só referência, que virou uma espécie de mandala policromática, sendo então, de qualquer forma, corroborada uma tendência, em certos estudiosos, de considerar real Catherine de Vaucelles, com esse nome ou pseudônimo, tanto quanto se pode restaurar a vida de Villon em referência com o que o mesmo deixou como registro, que é, sobretudo, pelo que escreveu em sua poesia.

O TESTAMENTO XLII-XLVI – Os versos mais significativos deste poema são a sua abertura, que já diz a que veio: “Pois que papas e reis, filhos de reis/E os que em ventres reais foram gerados/Mortos enterram-se, bem o sabeis,/E a mãos alheias passam seus reinados:/Eu, pobre diabo em Rennes e outros lados,/Não morrerei? Certo, se Deus quiser;/Mas tenha eu feliz quinhão gozado,/A morte honrada venha quando vier.” A finitude para papas e reis são de mesma monta para o reles poeta, o qual duvida de boa senda, ele, pobre diabo de Rennes, Villon tem um humor, por todo o trecho de sua letra tem, no entanto, o desejo de honra, pois quando e como vier, a morte não pode ser gratuita, mas depois de Villon ter gozado a existência, e a finitude, clamor de poetas e filósofos, grito primal dos desafortunados, pega também os citados papas e reis, e “a mãos alheias passam seus reinados”, e na arte se dá o mesmo, as gerações passam, o tempo em sucessão é que dá vida e morte para todos, a existência do artista, do poeta e dos reis e papas defendem a honra, mas não evitam que todos estes mortos enterrem-se, e como diz o poeta, bem o sabeis.

DUPLA BALADA – O poema tem versos como: “Por isso amai a bel-prazer,/Ide a festas, ide a reuniões./Afinal, isto ireis obter:/Uma série de amolações./O amor louco embesta os varões:/Foi Salomão à idolatria,/Sansão perdeu seus lunetões./Feliz quem dessa se desvia.” E nas citações de Villon, ele também não poupa a si mesmo, também enfeitiçado, como é de poeta fazer: “De mim, pobre, quero dizer:/Bateram-me qual tela em rio,/Todo nu, não quero esconder./Da Vausselles pelo amorio,/Ramo de groselha eu sofri-o.” O amor besta, este é por natureza, não há mal grave, nem bem transcendente, se sofre e se embesta, prazer em regime de dor, por isso ao bel-prazer se ama, em belo doer, como se rima clássica fosse, mas que em carne de poetas ou de reis, é a mesma loucura que faz vazar olhos, que faz lacrimejar olhos, que também faz sorrir, por ser sempre besta, e feliz de quem se desvia?  Nem tanto, a não ser como estribilho poético a funcionar em balada, mas certo em doer está a felicidade, que é besta como o mundo.  

Notas sobre o poema: Salomão – Por amor das mulheres, Salomão seguiu Astarote, deusa dos sidônios e Milcom, a abominação dos amonitas; e edificou um alto a Quemós, a abominação dos moabitas, e a Moloque (1 Reis, XII, 5 e 7). Isso ao tempo de sua velhice./ lunetões: óculos. Com esse anacronismo gaiato, Villon diz que Sansão teve olhos vazados pelos filisteus, depois de traído por Dalila: Juízes, XVI, 21. / Orfeu: figura Villon que Orfeu haja arrostado no inferno o cão Cérbero de três cabeças. Orfeu efetivamente desceu ao Hades em busca de Eurídice, como conta Virgílio nas Geórgicas, IV. As quatro cabeças de Cérbero são outra facécia de Villon (e também o “menestrier” para Orfeu, e as “musettes”), entre várias que vão surgir./ Narciso: apaixonado por sua imagem refletida na água, veio a morrer disso, desses “amorios” ou “afeições” (“amouretes” diz Villon)./ Sardana, o bravo: Sardanapalo, misturado com Saturno, rei de Creta. Sua feminilização acha-se em Orósio/ Davi: É a história de Davi e Betsabé (II Samuel, XI 2-3)/ Amnon … pastelões, : pastelões, lit, pasteizinhos, como consta da Bíblia. A história de como Amnon violou sua irmã Tamar figura em II Samuel, XIII/ Herodes … canções: O relato de como Herodes fez degolar São João Batista por causa das danças de Salomé consta de Mateus, XIV, 3-12 e de Marcos VI 21-29./ De … desvia: Catherine de Vaucelles era o amor do poeta; Noel seria o terceiro, de vigia, mas se teria descuidado, donde as desventuras do poeta. Ou seria uma simples testemunha da sova. Outros tomam essas desventuras como figuradas, não tendo havido efetivamente nenhuma surra com ramos de groselha./ Luvas: refere Michel o costume de nas bodas, depois da refeição, os convivas trocarem murros, atenuados por mitenes./ loções: lit, perfumes extraídos do gato-de-algália.

CONTRA O DITO DE FRANC GONTIER : O poema tem versos como: “Um gordo cônego, sentado em edredão,/Junto a um braseiro, entre paredes bem forradas;/Dama Sidônia, reclinada ali à mão,/Lânguida, branca e doce, a flor das enfeitadas:/Vi-os aos dois, por fechaduras bem espiadas,/Ou dia ou noite, do hipocraz bebericar,/Brincar a acariciar-se, a rir e a se beijar,/E nus, para melhor do corpo se valer;/Então soube eu que para a dor exterminar/Não há coisa melhor que a vida a bel-prazer.” E também:  “Que Franc Gontier, por Deus, frua do seu brincar,/Helena ou ele, sob roseira de admirar:/Se lhes agrada tal, não posso me doer;”. O poema tem o estribilho claro da vida ao bel-prazer, e Villon como bom marginal sabia do que dizia, com todo o mundo de beleza, o enfeite do prazer não tem o fito senão de a dor exterminar, e se fuga esta é, ela tem muito de poesia, outra fuga, qual placebo, de que o prazer se serve, pois a vida mais ao bel-prazer é melhor do que sofrer sem razão, e aos que fazem sofrer, o prazer lhes dita a verdadeira vida, livre, criadora, e estupefata. Quando diante de tal felicidade, o poeta Villon não se dói, e sabe que a vida é viço, ao bel-prazer, ao contrário dos que corroem o coração alheio.

Notas sobre o poema: (título) O Testamento, v, 1473-1506. É de Marot, o título. O dit (composição em verso sobre assunto familiar, na Idade Média) de Franc Gontier era da autoria de Philippe de Vitry, bispo de Meaux (falecido em 1362), e celebrava a vida feliz, no campo, de Franc Gontier e de sua mulher Helaine Villon, em sua balada, contradiz isso, preferindo os confortáveis amores do gordo cônego com a dama Sidônia./ hipocraz: mistura afrodisíaca de vinho, açúcar, canela, cravo e gengibre. 11-16./ Se … burlar: Ferdinando Neri aproxima esses versos dos do dito que lhes deram origem.

BALADA DE MARGOT, A ENCORPADA : O poema tem versos como: “Se eu amo a bela e a sirvo do maior bom grado,/Deveis tomar-me por pateta ou por vilão?/Tem ela bens, em si, do mais perfeito agrado.” E segue seu ritual: ““Voltai aqui, ao vos tomar do cio o ardor,/Neste bordel que em boa vida nos mantém.”” Tal estribilho, mais um de Villon em vida boa, quando já nos dizia do bel-prazer, em outra ocasião, nos brinda agora com esta peça de sexo e harmonia: “Segue-me a dissoluta, eu sendo garanhão./Quem vale mais? Um e outra têm afinação./Valem-se os dois: mau gato a rato mau convém.” Como se faz do encontro um poema, Villon ama e se serve de bom grado, indiferente em ser pateta ou vilão, um ser à margem, como convém, está na vida de bordel, vive bem e vive mais, pois do estribilho que lhe dá luz, ele tem a sua dissoluta, e ele se entende bem com ela, em vida boa, como a maus que nem ele apraz.

(título) “O Testamento”, v.1591-1627. O título é de Marot. Quanto à “Grosse Margot” há os que a tomam como personagem real; outros, como o nome de uma hospedaria, à sombra de Notre-Dame; P.Champion vê a influência das “sottes ballades”, nas quais se narravam amores populares e ridículos com mulheres sujas, fétidas e corcundas, mas não julga que a balada de Villon seja mero exercício literário. Na primeira estrofe, “há um Villon que abre a porta, que segura a vela, que procura a comida e a bebida do cliente” (Favier). / Eu … rumor: “É o que se diz do marido complacente que deixa o quarto à companheira, quer vá ou não buscar o vinho na adega enquanto a mulher lucra ou se diverte no leito conjugal” (Favier)/ Anticristo : ou o poeta ou Margot, conforme o editor./ No orig. há um acróstico, “Villon”, que desta vez não pode manter.

O TESTAMENTO XLII-XLVI

Pois que papas e reis, filhos de reis

E os que em ventres reais foram gerados

Mortos enterram-se, bem o sabeis,

E a mãos alheias passam seus reinados:

Eu, pobre diabo em Rennes e outros lados,

Não morrerei? Certo, se Deus quiser;

Mas tenha eu feliz quinhão gozado,

A morte honrada venha quando vier.

Para todos o mundo tem final,

Pense o que bem pensar rico ladrão:

A espada pende sobre nós, mortal.

O velho aceita essa consolação,

Ele que teve a fama de burlão

Jovial, no tempo em que era rapazola,

E ter-se-ia por mau e paspalhão

Se velho usasse de fazer graçola.

Agora força é que entre a mendigar,

Pois a tanto o constrange a precisão.

Como ontem, põe-se a morte hoje a chamar:

A Tristeza lhe oprime o coração.

Não fosse Deus a sua punição,

Horrível ato ele praticaria:

Quebrando a lei de Deus com essa infração,

Ele a si mesmo se destruiria.

 

Se ele foi, quando jovem, agradável,

Agora não diz nada mais que agrade;

Macaco velho é bem desagradável,

Não faz momice que não desagrade;

Se se cala, e com isso não enfade,

Levam-no à conta de perfeito idiota;

Fala? Mandam que cale, de verdade,

Que em sua ameixeira fruto não se nota.

Assim é que essas pobres mulherzinhas

Que já não têm com que, pois velhas são;

Se vêm rogar-lhes, umas jovenzinhas,

Que as alcovitem, pedem a razão

Baixinho a Deus: por que motivo, oh não!

Vieram há tantos anos para o dia?

Nosso Senhor se cala, quietarrão,

Pois, caso discutisse, perderia.

DUPLA BALADA

Por isso amai a bel-prazer,

Ide a festas, ide a reuniões.

Afinal, isto ireis obter:

Uma série de amolações.

O amor louco embesta os varões:

Foi Salomão à idolatria,

Sansão perdeu seus lunetões.

Feliz quem dessa se desvia.

Flautas e gaitas a tanger,

Orfeu, o de doces canções,

Cérbero o teve em seu poder,

O cão de quatro boqueirões.

Narciso, o de belas feições,

Afogou-se em funda água fria,

E isso por simples afeições.

Feliz quem dessa se desvia.

 

Sardana, o bravo a mais não ser,

Conquistou Creta e seus rincões;

Porém quis se tornar mulher,

Ficar com as moças sem senões.

Davi, rei de sábias lições,

Vendo banhar-se coxa esguia,

Esqueceu-se de a Deus temer.

Feliz quem dessa se desvia.

Amnon quis bem pôr a perder,

Fingindo comer pastelões,

Quis a irmã Tamar conhecer,

Num incesto dos mais vilões;

Herodes – não são digressões –

A degolar São João envia,

Por saltos, danças e canções.

Feliz quem dessa se desvia.

 

De mim, pobre, quero dizer:

Bateram-me qual tela em rio,

Todo nu, não quero esconder.

Da Vausselles pelo amorio,

Ramo de groselha eu sofri-o.

Tenha Noel, que a isso assistia,

Luvas nas bodas que enuncio.

Feliz quem dessa se desvia.

Mas um jovem solteiro ter

De largar solteiros botões?

Não! Mesmo em fogo vindo a arder,

Qual feiticeiro nos tições.

Mais doces são-lhe que as loções.

Nisso, porém, tolo se fia:

De claras ou de morenões,

Feliz quem dessa se desvia.

CONTRA O DITO DE FRANC GONTIER

Um gordo cônego, sentado em edredão,

Junto a um braseiro, entre paredes bem forradas;

Dama Sidônia, reclinada ali à mão,

Lânguida, branca e doce, a flor das enfeitadas:

Vi-os aos dois, por fechaduras bem espiadas,

Ou dia ou noite, do hipocraz bebericar,

Brincar a acariciar-se, a rir e a se beijar,

E nus, para melhor do corpo se valer;

Então soube eu que para a dor exterminar

Não há coisa melhor que a vida a bel-prazer.

Se Franc Gontier e a companheira Helena, então,

Horas assim passassem, tão adocicadas,

Não gostariam de esfregar tostado pão

Com cebolas de forte bafo acompanhadas;

Os seus cozidos e também suas coalhadas

Não valem mais que um alho, digo sem burlar:

Não é melhor um leito com cadeira ter?

Que dizeis? Convém nisso o tempo dissipar?

Não há coisa melhor que a vida a bel-prazer.

 

Vivem de aveia, de cevada e rude pão,

E ao longo do ano de água servem-se, às canadas.

A preço tal não poderiam ter-me, não,

Por um só dia ou uma só das madrugadas,

Daqui a Babilônia, as aves encontradas.

Que Franc Gontier, por Deus, frua do seu brincar,

Helena ou ele, sob roseira de admirar:

Se lhes agrada tal, não posso me doer;

Mas seja isso embora claro trabalhar,

Não há coisa melhor que a vida a bel-prazer.

Príncipe, conciliai a todos ao julgar;

Por mim, e que a ninguém consiga desprazer,

Ainda pequenino sempre ouvi lembrar:

Não há coisa melhor que a vida a bel-prazer.

BALADA DE MARGOT, A ENCORPADA

Se eu amo a bela e a sirvo do maior bom grado,

Deveis tomar-me por pateta ou por vilão?

Tem ela bens, em si, do mais perfeito agrado.

Por seu amor, daga e broquel medo me dão;

Quando vem gente, corro e a um pote levo a mão,

Eu fujo para o vinho sem fazer rumor;

Queijo, água, pão e vinho ponho ao seu dispor.

“Ótimo!” eu digo-lhes se acaso pagam bem;

“Voltai aqui, ao vos tomar do cio o ardor,

Neste bordel que em boa vida nos mantém.”

Revelo-me, contudo, em grande desagrado

Quando Margot se vem deitar sem um tostão;

De morte a odeio, não a posso ver ao lado.

Tomo-lhe a roupa, o cinto e a sobreveste, então,

E juro que isso valerá o meu quinhão.

Segura os lados. “É o Anticristo!” – ergue o clamor;

Jura pela paixão de nosso Salvador

Que não há de deixar. Eu pego um pau, porém,

E embaixo do nariz lhe escrevo, com rancor,

Neste bordel que em boa vida nos mantém.

 

Mais do que venenoso escaravelho inflado,

Depois que a paz é feita, ocorre-me um punzão.

Ela ri e o cocoruto meu vejo esmurrado,

Diz-me “Go, go”, na coxa dá-me um safanão.

Ébrios os dois, dormimos com disposição,

E ao despertar, se tem no ventre esto, calor,

Monta em mim, para que não perca o seu favor.

Sob ela gemo, tábua chata no vaivém.

Ela destrói-me todo com o lascivo humor,

Neste bordel que em boa vida nos mantém.

Vento, granizo, gelo, está cozido o pão.

Segue-me a dissoluta, eu sendo garanhão.

Quem vale mais? Um e outra têm afinação.

Valem-se os dois: mau gato a rato mau convém.

Sujeira vem atrás, se amamos sujidão;

À honra fugimos, foge-nos a retidão,

Neste bordel que em boa vida nos mantém.


Gustavo Bastos, filósofo e escritor

Blog: http://poesiaeconhecimento.blogspot.com

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