Um churrasco pago com dinheiro público acabou levando o vereador e ex-presidente da Câmara de Nova Venécia, Flamínio Grillo (PSDC), e Geraldo Ribeiro Filho à prisão. Eles foram condenados a sete e dois meses de reclusão em regime semiaberto.
O caso chegou à Justiça a partir de denúncia do Ministério Público Estadual (MPES). Segundo a promotoria, o vereador Flamínio, quando exercia a função de presidente da Câmara de Nova Venécia, comprou grandes quantidades de cerveja, cachaça e carnes para churrasco.
As despesas, obviamente, não eram destinadas à Câmara. O vereador teria agido em conluio com Geraldo Ribeiro, que na época exercia a função de diretor-geral da Casa. Ribeiro ficou encarregado de requerer o pagamento em favor dos fornecedores. Ambos foram denunciados pelo crime de peculato.
Na denúncia inicial, o MPES narra que o ex-vereador assinou nota de empenho no valor de R$ 1,5 mil em benefício próprio com a justificativa de adiantamento para pagamento de despesas com combustível, refeições, materiais de expediente, dentre outros. Para a promotoria, as notas fiscais apresentadas na prestação de contas eram inconsistentes e falsas.
“Causa uma maior repugnância a constatação da compra pelo Legislativo Municipal de carnes e bebida alcoólica, que certamente teve como destino a realização de um churrasco, em uma nítida ‘farra’ custeada com o dinheiro do povo”, assevera o juiz em sua decisão.
Mais de 30 mil pães
Se o churrasco foi a cereja do bolo para desvendar o crime de peculato cometido pelo vereador, as irregularidades na Câmara não paravam por aí. Na decisão, com base na denúncia do MPES, o juiz lista a quantidade absurda de pães e produtos de limpeza comprados entre os anos de 2001 e 2002, período em que Flamínio presidia a Câmara.
Para se ter uma ideia do esquema, Flamínio comprou em dois anos mais de 30 mil pães tipo francês, sempre na padaria Salute. Fora as quantidades absurdas de leite, manteiga e frios comprados na mesma padaria. O então presidente alega que os alimentos seriam destinados ao consumo da cantina do Legislativo. Os funcionários ouvidos pelo juiz, no entanto, alegam que não havia consumo nessas quantidades.
O mesmo ocorria com as quantidades de produtos de limpeza adquiridos em supermercados da região pela Câmara. Entre os produtos mais adquiridos estavam sabão em pó e água sanitária.