A agressão aconteceu no dia 15 de julho em Baixo Guandu, noroeste do Estado, quando militantes da Frente Brasil Popular apoiavam manifestação local organizada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) contra a omissão do governo Paulo Hartung e da Samarco/Vale/BHP em relação às comunidades ribeirinhas atingidas pelo crime ambiental do rompimento da barragem em Mariana (MG), que na próxima semana completa nove meses.
Quando os manifestantes fechavam a ferrovia Vitória-Minas da Vale – acionista da Samarco junto com a anglo-australiana BHP Billiton– iniciou-se a agressão, segundo relata a nota de repúdio publicada pela Frente, nesta quinta-feira (28).
“Durante o ato um grande aparato de policiais militares do município de Colatina foi ao encontro dos manifestantes, determinando a saída imediata da ferrovia, apresentando uma liminar assinada por um juiz. A liminar, no entanto, era uma fraude, pois estava fora do prazo. Ao serem informados do fato, os policiais de forma truculenta agrediram violentamente, com pauladas nas costas e puxões de cabelo, o manifestante que correu para os fundos de uma casa, sendo perseguido, agredido e preso. Durante a ação, os policiais e os seguranças da empresa Vale intimidaram e ameaçaram o manifestante. Toda essa ação ocorreu diante das famílias, incluindo crianças, a ponto de gerarem choro em pessoas que assistiam aquelas cenas de terror”.
Francisco Celso Calmon, um dos coordenadores da Frente no Espírito Santo, relata que o manifestante Mikail Coser, agredido pela polícia e segurança privada da empresa, fugiu aos primeiros ataques, mas foi seguido pelos agressores, que o levaram para um lugar mais afastado e o espancaram violentamente.
“As providências jurídicas já estão sendo tomadas e nós repudiamos a criminalização dos movimentos sociais a partir das ações da Polícia Militar, praticadas desde a ditadura, pois os agentes de segurança do Estado devem proteger a população e não agredi-la”, continua o documento, criticando as ações truculentas. A Frente destaca o direito constitucional à livre manifestação e lembra que “todos são iguais perante a lei e ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante”.
O militante agredido coordena o projeto da Frente chamado “Pela Estrada com a Democracia”, que atua nas comunidades para prestar apoio às lutas sociais locais.
A entidade foi criada há cerca de um ano, com a proposta de combater o processo de impeachment de Dilma Roussef, e tem entre suas prioridades as questões ambientais, porque fazem parte do segundo eixo de atuação da entidade, que trabalha pela implementação de reformas de bases, com a Reforma Agrária e a Reforma Política.
No caso do crime contra o Rio Doce, a Frente defende “que as famílias atingidas por esse crime ambiental façam parte de um sistema de assistência que incluiu indenizações e destinação de recursos alocados das empresas, para minimizar os efeitos da tragédia provocada pelas empresas Samarco/Vale/BHP Billiton”.
Segundo Francisco, após realizar todos os registros do crime, o grupo vai manter a vigilância para cobrar a responsabilização de quem cometeu o ato de violência contra Mikail, com indenização por danos materiais e morais.