Na terça-feira (2), o vereador Zezito Maio (PMDB) assustou-se quando viu 60 pessoas em seu gabinete para a reunião com representantes da Feira de Artesanatos e Comidas Típicas da Praça dos Namorados, na Praia do Canto. O objetivo era discutir com os expositores seu projeto de lei que muda a feira da Praça dos Namorados para a Praça do Papa, na Enseada do Suá.
Talvez esperasse dois ou três gatos-pingados, mas foi surpreendido por uma forte mobilização em defesa de um dos mais tradicionais eventos culturais da cidade: a feira, que começou na Praça Getúlio Vargas, no Centro, e depois foi transferida para o atual endereço, tem pelo menos três décadas de Praia do Canto e é um ponto turístico da capital capixaba. Ela acontece aos sábados e domingos.
Ante a mobilização, o vereador viu-se obrigado a recuar: comprometeu-se que o projeto, a princípio programado para entrar na pauta de votação já nesta semana, será engavetado por pelo menos 60 dias. Comprometeu-se também a intermediar uma reunião entre representantes dos expositores e dos moradores da Praia do Canto. Enquanto isso, expositores reúnem um abaixo-assinado com 400 assinaturas em favor da permanência da feira no local e preparam outra para neste fim de semana colher a adesão dos visitantes.
A proposta de mudança de local da feira é uma combinação de marotice e mediocridade. De um lado, o candidato à reeleição vislumbrou os louros eleitorais de instalar um monumento da cidade no próprio reduto. Do outro, acolheu os arrazoados do presidente da Associação de Moradores da Praia do Canto, César Saade, de que a feira é inconveniente porque atrai moradores de rua. Qual a saída? Simples: tirar o sofá da sala. Um gênio.
Em suma, com uma mão Zezito quis afagar a si próprio e com a outra, a certo segmento de moradores da Praia do Canto. Detalhe: Zezito não refere inconvenientes sociais na justificativa do projeto. Apenas defende a mudança porque a Praça do Papa é maior. O que o vereador omitiu é que ele já tentou emplacar o mesmo projeto em 2003 e a ideia não prosperou. Para que insistir no erro?