O prefeito de Guarapari Orly Gomes (PDT) ignorou as reclamações da população do município e publicou nessa quinta-feira (4) o decreto que impõe o embarque e desembarque exclusivo de ônibus intermunicipais na nova rodoviária do município, localizada às margens da rodovia BR-101, no bairro Várzea Nova. Usuários temem maior gasto com passagem e viagens mais demoradas com a proibição da circulação dos ônibus no Centro do município.
A alteração não é resultado de estudos, planejamentos ou da opinião de passageiros. É meramente uma exigência do contrato firmado em 2011 entre a Telavive, empresa administradora do espaço, e a prefeitura municipal.
A cláusula e os efeitos de seu descumprimento são as razões que fundamentam o decreto. Os termos de uma Notificação Recomendatória promovida pelo Ministério Público Estadual (MPES), através da Promotoria de Guarapari, recomendando o cumprimento do contrato de concessão destacam que a violação da cláusula redundará em multa ou, mesmo, eventual indenização, a ser bancada pelo município.
O decreto determinou ainda a autorização, em condição de transição, do embarque e desembarque nos pontos fora do terminal rodoviário no período entre 8 de agosto e 6 de setembro, entre os horários de 5h às 7h e 18h às 20h.
A alteração inverte a lógica tão propalada por especialistas em transporte de que é o sistema que deve ser adaptar à cidade – e não o contrário. É uma mudança que se ressente de qualquer fundamentação técnica. Não houve pesquisa de origem e destino dos passageiros, nem estudos da malha viária da cidade, nem qualquer outra espécie de planejamento que fundamentassem a mudança de rota, que tira os ônibus do Centro da cidade.
Ao invés de trazer mais rapidez, conforto e comodidade aos passageiros, a exigência promete o contrário: viagens mais demoradas, caras e incômodas, com maior tempo de espera nos pontos e gasto de passagem. Um retrocesso, em suma. Segundo os usuários, a alteração deve afetar cerca de 10 mil pessoas.