O prefeito Luciano Rezende lidera a pesquisa espontânea à prefeitura de Vitória. O candidato do PPS tem 7% das intenções espontânea de voto contra 5,3% do deputado estadual e candidato do Solidariedade Amaro Neto. O deputado federal Lelo Coimbra aparece em seguida com 3,3%.
A pesquisa Brand/Século Diário ouviu 400 eleitores na Capital entre os dias 2 e 3 de agosto, ou seja, duas semanas após o então pré-candidato do PSDB, Luiz Paulo Vellozo Lucas, anunciar que estava fora da disputa. Apesar de sair do páreo, o tucano aparece na espontânea exatamente com os mesmos 7% do prefeito, o que indica que o capital de votos de Luiz Paulo ainda não decantou completamente. André Moreira (PSOL), Perly Cipriano (PT) e Serjão Magalhães (PTB), que deixou a disputa, também são mencionados pelos eleitores, mas não atingem mais de 1% nas menções de voto cada. Mas da metade dos entrevistados (59%) não soube ou não quis responder em quem irá votar. Ninguém, branco e nulos representaram 17,3% das manifestações.
Para o consultor associado da Brand, o historiador Darlan Campos, o percentual de indecisos (59%) ainda é muito alto, apesar da proximidade da campanha eleitoral, que tem início no dia 16 de agosto. Darlan chama atenção para o fato de os três candidatos mais bem colocados na pesquisa aparecerem dentro da margem de erro e de Luiz Paulo ainda aparecer empatado com o prefeito nas intenções de voto espontâneas. “Isso demonstra que a decisão de Luiz Paulo de não disputar o pleito de outubro, ainda não alcançou uma parcela significativa do eleitorado”, avalia.
Se os dados da espontânea são favoráveis a Luciano, apesar de os três estarem empatados dentro da margem de erro da pesquisa, que é de 4,9%, a menção estimulada indica um cenário completamente diferente. Amaro abre 11 pontos de vantagem sobre o prefeito de Vitória. No cenário que considera os cinco candidatos que estão confirmados para a disputa, o apresentador de TV tem 31,5% contra 20,5% de Luciano, e Lelo aparece com 14,3%.
Sempre lembrando que, no limite da margem de erro, Amaro poderia variar entre 36,4% e 26,6%; Luciano entre 25,4% e 15,6%; e Lelo entre 19,2% e 9,4%.
A pesquisa confirma que o “espólio” de Luiz Paulo, embora ainda não tenha se decantado, vem sendo disputado palmo e palmo entre Luciano e Lelo. Tanto o prefeito como o candidato do PMDB têm características comuns com o tucano, o que tende a influenciar a substituição de Luiz Paulo por um dos dois candidatos.
Como não há pesquisa anterior da Brand/Século Diário em Vitória, não é possível apontar quem ganhou mais com a saída do tucano. Além disso, deve estar confuso na cabeça do eleitor o fato de o PSDB apoiar a candidatura de Lelo e de Luiz Paulo a de Luciano. “Apesar das definições da cúpula tucana, cabe aguardar o posicionamento de Luiz Paulo sobre seu apoio nessas eleições. Será um apoio decisivo, seu nome transcende o partido”, atesta Darlan.
Independentemente de quem herdará a maior fatia do capital de votos do tucano, o índice de Lelo afasta a possibilidade de polarizarão entre Luciano e Amaro e vai consolidando o peemedebista como “terceira via” na disputa.
Rejeição
Outro adversário de Luciano é a rejeição. O prefeito encabeça a lista de “rejeitados” com 21,3%. O petista Perly Cipriano tem o segundo maior índice com 15,5%. Lelo e Amaro estão empatados nesse quesito (13,5%). André Moreira, do PSOL, tem a menor rejeição (6,5%).
O consultor Darlan Campos destaca que quase um terço do eleitorado (30,3%) não rejeita nenhum dos postulantes a prefeito da Capital. “Entre os candidatos, Luciano aparece com a maior rejeição, fruto do desgaste da administração. Depois aparece o Perly com a rejeição própria do PT”, afirma.
Segundo turno
Nas simulações de segundo turno entre Luciano, Amaro e Lelo, o candidato do Solidariedade lidera nos três cenários. O apresentador do Balanço bateria o prefeito por 41% a 29,8%; e derrotaria Lelo com uma margem ainda mais larga: 45,3% a 23,8%. O peemedebista também perderia num possível confronto com Luciano. O prefeito teria 37,8% contra 27,5 do candidato do PMDB.
A pesquisa Brand/Século Diário entrevistou 400 eleitores residentes em Vitória, maiores de 16 anos, entre os dias 2 e 3 de agosto. Os bairros que compõem as 9 regiões de coleta foram agrupados observando-se a divisão administrativa do município. A amostra considerou as ponderações de sexo x idade x região de moradia, segundo estatísticas do TSE e IBGE. A margem de erro estimada é de 4,9% sobre um intervalo de confiança de 95%. A responsabilidade técnica pela amostra coube à estatística Miriam Ignácio de Almeida. A pesquisa encontra-se registrada na Justiça Eleitoral sob nr. ES-00315/2016.
Análise
Para o consultor Darlan Campos, Luciano Rezende terá dois grandes desafios: mobilizar o eleitorado com mais escolaridade a votar. “Atualmente, é a parcela do eleitorado que se apresenta mais propenso a não votar (branco/nulo/ninguém)”. O segundo ponto, de acordo com Darlan, é o candidato apresentar uma comunicação de campanha capaz de alcançar as classes D/E. “O prefeito tem margem para crescer, a televisão terá um papel importante uma vez que poderá apresentar as ações de seu mandato, defendendo seu legado para a cidade, e tendo a possibilidade de modificar, em parte, a desaprovação de sua administração”.
De acordo com Darlan, Amaro terá como principal desafio demonstrar para o eleitorado das classes A/B sua capacidade de governar uma Capital. “A desconfiança dessa parcela do eleitorado coloca um teto importante ao seu crescimento. Para superar esse desafio, os debates e programas de TV terão papel fundamental. Porém, com a crise de representação que vivemos se apresenta como o novo, mobilizando a esperança de uma parcela do eleitorado alijada do processo. Não é novidade esse tipo de cenário, cabe avaliar, se conseguirá sustentar seu patamar de voto, e se os adversários conseguirão desconstruí-lo”, aponta.
Lelo, na avaliação de Darlan, está definitivamente no jogo. “Existe espaço para uma terceira via. Sua participação tira a possibilidade de polarização nesta eleição. Como aconteceu nas eleições de 2012, quando Luciano surpreendeu indo ao segundo turno, quando poucos acreditavam nele no início do pleito”.
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