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Pó Preto fora do debate

A previsão para as eleições na Capital é de um debate alheio aos verdadeiros problemas da cidade, a começar pela fuga que haverá dos candidatos quando o tema for a poluição do ar causada pelas emissões da Ponta de Tubarão, o conhecido Pó Preto. Os casos de doenças respiratórias são uma realidade incontestável. É  raro encontrar uma  família em Vitória que não tenha um de seus membros vitimado  pela sua poluição atmosférica. 

 

Isso ocorre porque  existe  um sistema protecionista às poluidoras, principalmente quando se trata da Vale e da antiga CST, hoje ArcelorMital. Passando  por um jogo de segurança incluindo contribuição de campanhas eleitorais (contidas agora por lei recente) e por patrocínios da chamada grande imprensa capixaba. Ao longo de todos esses  anos que operam no Espírito Santos, as poluidoras são os seus grandes anunciantes.

 

Esse um tema, portanto,  que não dá matéria, que dirá manchete. Afugentador pela sua própria natureza. Luciano Rezende (PPS), que busca a reeleição, é um dos prefeitos que mais negligenciou o tema, que o digam os ambientalistas. 

 

Amaro Neto (SD), que anda liderando as pesquisas a prefeito, não tem nenhuma identidade com o assunto. Não foi ainda objeto da contaminação do sistema,  a sua estratégia eleitoral é de vencer as eleições pelas dádivas o de um programa de TV voltado para a classe mais humildem especialmente as donas de casa. 
 
Lelo Coimbra (PMDB) é de Santo Antônio, embora o bairro fique no fundo da cidade,  não está livre da poluição. Ao longo de sua vida política, que acumula um mandato de deputado estadual, um de vice-governador, três de deputado federal, Lelo não tem histórico em favor  do combate à poluição que adoece o capixaba de Vitória. 

 

Quem aspirou disputar a prefeitura pregando o combate à poluição, e que inclusive dava  provas que o faria com autoridade, foi o deputado estadual Enivaldo dos Anjos (PSD), que acabou saindo da disputa. Na Assembleia, foi Enivaldo quem partiu para cima da Vale denunciando à barbárie da poluição na Capital e ameaçou, como presidente de uma CPI do Pó Preto, prender o presidente da Vale pelos crimes ambientais da empresa. Mas faltou-lhe um mínimo de condição (ou faltaram com ele) para que  fosse candidato.

 

Restam os chamados candidatos ideológicos – Cipriano (PT) e André Moreira (PSOL) manterem o tema em pauta. Ambos têm discursos mais voltado mais para as demandas da sociedade civil organizada, como o combate à poluição do ar, e com certeza vão tratar dele. André Moreira, inclusive, já botou as unhas de fora, abordando o assunto com muita propriedade e veemência.

 

Porém, mais do que depressa veio a represália do sistema. Partiram para tirá-lo dos debates. Como o seu partido tem pouquíssimo tempo de TV, será difícil tratar o tema nesse exíguo espaço.

A estratégia de evitar o debate mantém o tema adormecido e corrobora para o aumento sistemáticos dos casos de doenças decorrentes da poluição, frustrando a oportunidade de trazer o problema da poluição à tona nas eleições e colocar os responsáveis por esse atentado à vida no banco dos réus.      

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