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PB Shelley e seus poemas da Era do Romantismo Inglês (parte – III)

DADOS BIOGRÁFICOS – PARTE III

Em 7 de novembro Shelley estava em Ferrara, onde visitou a biblioteca e viu manuscritos de Ariosto e Tasso. Dois dias depois já se achava em Bolonha e passou uma semana em Roma, dirigindo-se depois para Nápoles. Escalou o Vesúvio e visitou Pompeia. Não estava bem de saúde. Conheceu Paestum e foi de lá para Roma, onde iria ficar três meses. Frequentava de noite a casa da sra.Dionigi, que escrevia e pintava, e visitou alguns ingleses como Lorde Gilford e Sir William Drummond. Conheceu também um tipo excêntrico, o coronel Finch. Presenciou os festejos por ocasião da visita do Imperador da Áustria a Roma, bem como viu o Papa nas cerimônias em São Pedro.

 

Em Roma, nas termas de Caracala, continuou o “Prometeu libertado”, cujo primeiro ato fora completado em Nápoles e ao qual juntara agora mais dois atos (abril de 1819). Logo os Shelleys se mudaram para Livorno. Lá Shelley recebeu a Nightmare Abbey, de seu amigo Peacock, que o retrata num dos tipos do livro, Scythrop Glowry. Lê Calderón de la Barca, em espanhol, que aproxima-o de Shakespeare. Escreve a peça de cinco atos em versos brancos, The Cenci, tendo por tema a tragédia que se abateu sobre essa família em 1599, com a morte do pai incestuoso e desumano por Beatrice, que sofre as penas da lei. Escreveu um poema político, “Men of England”, que só seria publicado anos mais tarde.

Em outubro de 1819 Shelley se encontra em Florença, onde alugou apartamentos por seis meses. Um dia, ao longo do Arno, perto da cidade, ele escreveu a “Ode ao Vento Oeste”, poema eloquente e belo. Escreve o quarto ato de seu poema capital, o “Prometeu libertado”. Diz Blunden que o poema encerra trechos que serão citados ainda por longo tempo como as profecias da raça porvindoura. Amelia Curran pinta-lhe o retrato, do qual, mesmo inacabado, se diz que é o mais conhecido de qualquer poeta inglês, exceto o Shakespeare, de Droeshout. Devido a padecimentos físicos, resolveu ir para Pisa, onde poderia consultar o célebre dr.Vacca. Em 26 de janeiro, vai pelo Arno para aquela cidade. Em Pisa o médico lhe aconselhou que esquecesse os frascos de remédio e no fim de maio fosse para Banhos de Lucca. Escreve versos a uma cotovia, bastante populares. Compõe em três dias o poema “The witch of Atlas”, em oitava rima. Escreve o Édipo Tirano, tragédia em dois atos.

Dirige-se por carta a Keats, convidando-o, também em nome de Mary, a passar o inverno em Pisa, salientando que o poeta, em atenção a sua saúde, deveria ir à Itália. Shelley se dá em Pisa com alguns intelectuais italianos, como o padre e professor de física Francesco Pacchiani, que os outros pisanos julgavam louco, mas falava um italiano tão belo que encantava Mary; outro era o poeta Tommaso Sgricci, que improvisava dramas poéticos. Por intermédio do primeiro ouve falar na Contessina Teresa Emília Viviani, que estava no convento de Sant`Ana, internada pelo pai, para afastá-la do amante da mãe. Shelley e os seus se encontram com a moça de 19 anos, que era de uma beleza clássica. O poeta viu-a pela primeira vez em 5 de dezembro de 1820 e por ela concebeu um amor platônico que iria expressar no Epipsychidion (publicado por Ollier em 1821). Em setembro de 1821 a moça casou-se. Não foi feliz. Quando Medwin, o primo de Shelley, a visitou na idade de 35 anos, ela estava doente, solitária, e curtia necessidade.

Shelley e Mary conhecem o príncipe Alexandre Mavrocordato, da Grécia, e sua prima, a princesa Argyropoli. O príncipe, em exílio, só pensava na libertação de sua pátria. Mary dava-lhe lições de inglês e recebia de grego. Em junho de 1821 Mavrocordato partiu para a Moreia, a fim de juntar-se ao exército. Shelley lhe dedicaria Hellas, um drama lírico, famoso por seus coros, principalmente o último. Shelley estudava árabe, possivelmente com vistas a futura viagem. Escreveu a Defence of Poetry, que tem reflexões memoráveis sobre o tema, como a seguinte: “A poesia ergue o véu da oculta beleza do mundo, e faz objetos familiares serem como não familiares”.

Shelley manda nova carta a Keats – cujo Hyperion admirava sobremaneira – convidando-o a hospedar-se em Pisa, mas os planos de Keats já estavam feitos para Roma, onde viria a falecer em 23 de fevereiro de 1821. Shelley só soube dessa morte em meados de abril; informou Byron. Escreveu o que ele próprio tomou como “uma altamente trabalhada obra de arte”, o conhecido “Adonais”, elegia pela morte de Keats, inicialmente inspirada nos bucólicos gregos Mosco e Bion. O poema foi completado em início de junho, e logo impresso, pois dele Shelley muito esperava. O poeta, até morrer, sempre confiou em que a poesia de Keats triunfaria. Por outro lado, Shelley a essa altura julgava Byron muito superior a todos os poetas do dia, pois criava algo inteiramente novo e “selava cada palavra com imortalidade”.

Em agosto de 1821 escreveu a Leigh Hunt renovando proposta de Byron no sentido de que Hunt deixasse seu jornal, The Examiner, e fosse para Pisa a fim de se incumbir, junto com Shelley e Byron, de um novo jornal. Hunt e família se alojariam no térreo do palácio de Byron. Edward e Jane Williams retornaram a Pisa e encontram acomodações no térreo da morada dos Shelleys, os Tre Palazzi. Shelley, por essa ocasião, era apto a atirar, correr, hábil no remo, iatismo, bilhar; conhecia a caça à raposa e à lebre e assuntos agrícolas em geral. Desiste de ir à Arábia. Caim, de Byron, é publicado, e Shelley e Mary julgam-no a obra-prima do lorde.

Byron e Shelley tinham encarregado um amigo de Trelawny, o capitão Daniel Roberts, de construir barcos para eles, um menor e aberto para Shelley, outro maior e com convés para Byron. O barco de Shelley foi chamado Don Juan por Byron, embora Shelley preferisse denominá-lo Anel. O de Byron era o Bolívar. Em 12 de maio o Don Juan chega de Nápoles, e muitas viagens são feitas no Don Juan, que Shelley achava rápido e bonito.

Em 13 de junho o Bolívar foi trazido à baía de Lerici por Trelawny e Roberts. Coisas estranhas estão sucedendo: Shelley vê o espírito de Allegra, Jane vê Shelley passar quando ele não estava passando ali. Shelley escreve “Time triumph of life”, que deixa incompleto. O novo jornal, por sua vez, era denominado Hespérides, mas sairia com o título The Liberal, e deveria ter os lucros divididos por Hunt, Byron e Shelley.

De Pisa Shelley volta a Livorno. Em 8 de julho é aconselhado a esperar um dia para fazer-se ao largo, rumo a Lerici, pois suspeitava-se de mau tempo. O Don Juan velejou e desapareceu na neblina da tempestade próxima. Pereceram Shelley, Williams e o grumete Charles Vivian. Trelawny pôs-se a procurá-los. O mar devolveu os cadáveres, desfigurados. O de Williams foi encontrado na embocadura do Serchio; o de Vivian em Nasa; o de Shelley flutuou para a praia perto de Via Reggio; tinha no bolso uma edição de Sófocles e o último volume de Keats, que continha o Hyperion e havia sido emprestado a Shelley por Leigh Hunt. Os corpos foram enterrados nos locais onde encontrados, jogando-se cal viva nas covas. Fez-se a pira de Shelley e, com muito sol, incenso, sal, vinho e óleo, o corpo do poeta foi cremado, jogando-se nas chamas o livro de Keats como oferenda aos mortos.

A VITÓRIA DA VIDA:

O poema tem versos que se abrem otimistas: “Como um espírito a voar para missão/De luz e bem, e alegre com o seu fulgor/O sol pulou, e a máscara da escuridão/Caiu da terra despertada” (…) “a prece despertou do mar, à qual/Uniram as canções os pássaros e as fontes.” (…) “E na devida sucessão a ilha, o mar,/O continente, e tudo o que em si próprio ostente/A forma e a natureza do húmus que perece,/Se levantaram como o sol, seu pai ardente,” a vida aqui se afirma como no título do poema, vitoriosa, a terra despertada, tudo se levanta como o sol, o poema é visionário, cheio de emoção, de luz e bem o sol que ilumina o mar e o continente, e o poeta não deixa de sorver seus eflúvios e sentir na sua própria mente os efeitos dessa invasão: “Estranho transe me tomou o pensamento:/Não era sono; a sombra que espalhou defronte/Tinha tal transparência que mostrou a cena/Tão clara como, quando um véu de alumbramento/Se puxa, à tarde os morros mostram luz serena;”, Shelley sente a luz serena, ela abre toda a sua intuição, e lhe torna visionário, e o verso corrobora o sol como esta verdade que o poema enuncia.

HINO À BELEZA INTELECTUAL:

O poema tem nos seus versos os exemplos do benefício do intelecto, e como em poesia ele se forma e assim dá outras formas ao mundo, como Shelley vê e descreve: “A tremenda sombra de uma força não visível/Mesmo invisível entre nós flutua – a visitar/O mundo com asa tão volúvel e sensível/Qual vento de verão de flor em flor a rastejar -,” (…) “Espírito do Belo, que consagras o que ungiste/Tudo sobre o que brilhas, quer do pensamento/Humano quer da forma – para onde tu partiste?/ Por que perpassas por, e deixas nosso aforamento,/Este vale de lágrimas, vazio e desolado?” A esta luz, Shelley encara como uma passagem, que voltará a deixar órfão o mundo, com suas tristezas e escuridões, como Shelley pressente nos inevitáveis versos: “Por que o temor e o sonho e a morte e o nascimento/Lançam na luz do dia desta terra, num momento,/Tais tristezas? por que o homem tanto se abalança/Por ódio e amor, por desespero ou esperança?” (…) “Nenhuma voz de mundo mais sublime deu/Jamais essas respostas nem a sábio e nem a poeta/- Portanto os nomes de demônio, alma, céu,/Permanecem registros de um esforço, não de meta./Débeis palavras mágicas – o encanto seu não há de,/De quanto vemos ou ouvimos, separar/O acaso, a dúvida e a instabilidade.” E o cético, o ateu Shelley sabe que tal passagem de iluminação não volverá os acasos e fraturas sem fim que nomes pomposos como céu e alma são sinais imprecisos de uma realidade dura de dúvida existencial e desamparo, nem a sábio ou poeta se dá uma chave que a intuição mais poderosa poderá decifrar seja com poema ou filosofia, seja assim um conjunto de mágicas, palavras que contêm sugestões, esperanças, mas que mantém toda a angústia do não-saber fundamental de uma existência em aberto e que tem como sina terminar, oh paradoxo, inacabada, um fosso em que o Homem vem com seus símbolos para se sentir um pouquinho melhor, e Shelley que fica bem demais com seus versos.  

A UMA COTOVIA:

O poema mais lírico de Shelley, é simples, sereno, musical, ecoa e canta como e com a cotovia, com tais versos: “Salve, espírito contente!/Pássaro nunca foste, certamente;/Do Paraíso, ou a tocá-lo de raspão/Derramas o teu pleno coração/Em melodias de arte não premeditada.” (…) “Cantando voas alto, e voando sempre cantas.” (…) “Como estrela noturna/Na vasta luz diurna,/És invisível, mas eu te ouço a voz aguda.” (…) “Sonoros ficam terra e ar/Com tua voz a soar,”. Aqui a cotovia aparece preenchendo o mundo com seu canto e seu voo, nada mais poético para um Shelley da era romântica, com seus mitos e imagens idílicas, o poeta e a cotovia se encontram em forma chamada poema.

 

POEMAS:

 

A VITÓRIA DA VIDA

(PRIMEIRA PARTE)

Como um espírito a voar para missão

De luz e bem, e alegre com o seu fulgor

O sol pulou, e a máscara da escuridão

 

Caiu da terra despertada; em seu candor

Os altares sem fumo dos nevosos montes

Flamearam sobre as nuvens rubras; com o albor

 

Do dia, a prece despertou do mar, à qual

Uniram as canções os pássaros e as fontes.

A flor que descerrou em campo ou matagal

 

Trêmulas pálpebras ao ósculo do dia,

A balançar o seu turíbulo no ar

Com o incenso do oriente luminoso ardia,

 

Ardia inextinguivelmente e devagar,

Enviando soluçantes ais ao ar que ria;

E na devida sucessão a ilha, o mar,

 

O continente, e tudo o que em si próprio ostente

A forma e a natureza do húmus que perece,

Se levantaram como o sol, seu pai ardente,

 

Para fazer o seu trabalho, que ele outrora

Tomara para si, antes que a eles o desse;

Mas eu os pensamentos silencio agora,

 

Os quais me mantiveram vígil, como estrelas

A ornar a noite; ora que estão adormecidos,

Meus membros estirei sob as ramagens belas

 

De um velho castanheiro em flanco de Apenino;

Diante de mim, a noite em voos foragidos;

Atrás, o dia que se ergueu; o mar divino

 

Achava-se a meus pés, o céu por sobre a fronte.

Estranho transe me tomou o pensamento:

Não era sono; a sombra que espalhou defronte

 

Tinha tal transparência que mostrou a cena

Tão clara como, quando um véu de alumbramento

Se puxa, à tarde os morros mostram luz serena;

 

Eu soube que o frescor sentira dessa aurora,

Fronte e cabelos eu banhara neste orvalho

E num declive eu me sentara como agora,

 

Sob a mesma ramada, ouvindo como aqui

Manterem pássaros, mais fontes, mais o mar,

Conversas musicais no enamorado ar:

Depois uma visão na mente percebi.

 

HINO À BELEZA INTELECTUAL

 

I

A tremenda sombra de uma força não visível

Mesmo invisível entre nós flutua – a visitar

O mundo com asa tão volúvel e sensível

Qual vento de verão de flor em flor a rastejar -,

Qual luar que chove atrás da serra de pinheiros

Visita a sombra, com inconstante relancear,

O coração dos homens, seus semblantes passageiros;

Qual cores e harmonias de uma noite a principiar,

Tal como à luz de estrelas muita nuvem espalhada,

Como a lembrança de uma música evolada,

Tal como o que por sua graça possa ser amado

E pelo seu mistério ainda mais prezado.

 

II

Espírito do Belo, que consagras o que ungiste

Tudo sobre o que brilhas, quer do pensamento

Humano quer da forma – para onde tu partiste?

Por que perpassas por, e deixas nosso aforamento,

Este vale de lágrimas, vazio e desolado?

A luz do sol, por que não para eternamente

Tece arco-íris no rio da montanha despenhado?

Por que murchar, passar o que já foi florente?

Por que o temor e o sonho e a morte e o nascimento

Lançam na luz do dia desta terra, num momento,

Tais tristezas? por que o homem tanto se abalança

Por ódio e amor, por desespero ou esperança?

 

III

Nenhuma voz de mundo mais sublime deu

Jamais essas respostas nem a sábio e nem a poeta

– Portanto os nomes de demônio, alma, céu,

Permanecem registros de um esforço, não de meta.

Débeis palavras mágicas – o encanto seu não há de,

De quanto vemos ou ouvimos, separar

O acaso, a dúvida e a instabilidade.

Somente a luz – qual bruma nas montanhas a pairar

E a música efundida por noturno vento

A usar as cordas de algum tácito instrumento,

Ou luar à meia-noite em águas de fugida

Dão graça e dão verdade ao sonho inquieto desta vida.

 

IV

Cedidos por alguns momentos, vão e vêm

Como nuvens o anseio, a egolatria, o amor.

Onipotente fora o homem, e imortal também,

Se ignota como és, e de inspirar temor,

Tu te firmasses dentro de seu coração.

Mensageira que és de simpatia,

Que aos olhos dos amantes cresces, diminuis,

Que para o pensamento humano és nutrição,

Tal como as trevas para a chama que a morrer reluz.

Não partas que a tua sombra chegou fria,

Não partas não, a menos que devesse a sepultura

Ser como a vida e o medo, realidade escura.

(obs: o poema continua, aqui está sua parte inicial)

 

A UMA COTOVIA

Salve, espírito contente!

Pássaro nunca foste, certamente;

Do Paraíso, ou a tocá-lo de raspão

Derramas o teu pleno coração

Em melodias de arte não premeditada.

 

Voando mais alto e cada vez acima,

Deixas da terra o clima

Como nuvem de fogo;

O mar azul percorres logo;

Cantando voas alto, e voando sempre cantas.

 

No relâmpago dourado

Do sol tombado,

Sobre o qual as nuvens brilham nuas,

Vagas e flutuas

Alegria incorpórea a principiar corrida.

 

A tarde púrpura palente

Funde-se em torno de teu voo ardente;

Como estrela noturna

Na vasta luz diurna,

És invisível, mas eu te ouço a voz aguda.

 

Penetrante como é a muita seta

Da esfera de prata seleta

Cuja lâmpada forte se reduz

Na claridade da alvorada que reluz,

Até mal vermos – nós sentimo-la, está lá!

 

Sonoros ficam terra e ar

Com tua voz a soar,

Como, quando a noite está sozinha,

De uma solitária nuvenzinha

Chove a lua seus raios a se inunda o céu.

 

Quem és que não sabemos?

Mais igual a ti o que acharemos?

Das nuvens com arco-íris não podem chover

Gotas tão brilhantes para ver

Quanto de ti uma chuva cai de melodia.

 

Como um poeta se oculta e ganha alento

Na luz do pensamento,

E hinos espontâneos cantando

O mundo à simpatia vai levando

Com medo e esperanças de que não cuidava;

 

Como uma virgem muito bem nascida

Em torre de palácio protegida

Conforta a alma de amor repleta,

Numa hora secreta,

Com música tão doce como o amor, a qual se espraia;

 

Como um vaga-lume dourado

Num valezinho orvalhado

Despercebido espalha o ardor

De sua etérea cor

Entre as flores e a grama, que da vista o escondem;

(obs: o poema continua, aqui está sua parte inicial)


Gustavo Bastos, filósofo e escritor

Blog: http://poesiaeconhecimento.blogspot.com

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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