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Indicação de Guerra gera temor em ambientalistas

 

Completo desconhecido. É esse o termo que os representantes das entidades e movimentos ambientalistas têm usado para definir quem é Cléber Guerra. O presidente do PSB em Vitória foi anunciado na quarta-feira (19), pelo prefeito eleito Luciano Rezende (PPS), o novo secretário de Meio Ambiente da capital .

Com pouca ou nenhuma ligação com a área do meio ambiente, principalmente no que tange às pautas dos movimentos, Guerra, ao que parece, é um dos que vão ocupar cargos na prefeitura apenas por indicação político-partidária – a despeito do prometido quadro técnico que ocuparia o secretariado na próxima gestão.

 
O socialista tem um lado técnico, mas longe da área da preservação ambiental. Engenheiro agrônomo, Guerra ocupou cargos na secretaria de Estado de Agricultura – incluindo o seu mais alto posto, por pouco tempo –, na Cesan, na Ceasa (Centrais de Abastecimento do Estado) e na Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), sua ocupação atual.
 
Apesar de o novo secretário carregar consigo uma boa reputação e ser considerado detentor de vasta experiência técnica na área de agricultura, a indicação de Guerra é vista com reservas por lideranças dos movimentos ambientalistas da Grande Vitória. A pasta já é conhecida por sua inoperância nas questões ambientais – em alinhamento, talvez, com os órgãos estaduais da área –, justamente em uma cidade cuja população sofre diariamente com os abusivos índices de poluição, emissões em larga escala e com as doenças respiratórias derivadas disso .
 
Na gestão do prefeito João Coser (PT), os movimentos nutriam expectativas de mudanças efetivas no meio ambiente, punições às poluidoras, fiscalização efetiva e apoio às causas e pautas das muitas associações que militam na área, tais como a Associação de Amigos da Praia de Camburi (AAPC), o Movimento Pó Preto Vitória, a Federação das Associações de Moradores e Movimentos Populares do Espírito Santo (Famopes) e a Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente (Acapema).
 
Porém, o que se viu foi o inverso. Pífia, a gestão da engenheira civil Sueli Tonini à frente da secretaria de Meio Ambiente focou muito mais em ceder espaço às poluidoras do que em pensar a relação da cidade com a preservação ambiental, a melhoria da qualidade de vida de seus moradores e, por consequência, a fiscalização real às empresas que atuam no entorno do município.
 
Os movimentos chegaram a pedir uma reunião com Coser, no intuito de iniciar um debate sobre gestão ambiental e pedir explicações ao prefeito por ter indicado alguém que, além de ter relação íntima com as empresas poluidoras do Estado, carrega graves denúncias da época em que era diretora do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), como o atropelamento do laudo técnico, garantindo a emissão da Licença Prévia (LP) para a construção do estaleiro da Jurong, em Aracruz. O pedido da reunião, imaginem, não chegou perto de ser atendido.
 
A população de Vitória, percebe-se, já não aguenta os muitos anos de ausência de debates reais sobre a questão ambiental da cidade. Mesmo sem bagagem na área, Guerra vai ter que provar a que veio e até onde vai o “gesto da mudança”, tão marcante na campanha de Luciano Rezende.

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