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Piero Ruschi faz apelo a deputados pela salvação do Museu Mello Leitão

Ao contrário do que, via de regra, ocorreu na história dos museus brasileiros, marcados pela luta individual de cientistas que se esforçavam para superar o descaso que a ciência e suas instituições sofriam do Estado, hoje o Museu de Biologia Mello Leitão, em Santa Teresa, necessita que o Estado ajude a reverter o que tem sido considerado um descuido de um grupo de cientistas na condução da transferência de vínculo do MBML para o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).  

Esse foi o tom da apresentação feita nesta segunda-feira (5), na Tribuna Popular da Assembleia Legislativa, pelo biólogo Piero Ruschi, filho caçula do ambientalista capixaba Augusto Ruschi, Patrono da Ecologia no Brasil e fundador do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão (MBML).

“O MBML está sendo ameaçado de ser extinto”, alerta Piero. “E por que esse apoio tão dramático? Porque é isso mesmo, não tem outra palavra para definir o que está acontecendo com o Museu”, afirma. “O que ameaça sua extinção”, continua, são “alguns descuidos, que foram continuados, apesar de nossos avisos, e que acarretaram nessa insegurança jurídica atual”. “Venho diretamente pedir apoio para a salvação do Museu Mello Leitão”, declarou.

Piero lembrou o valor imensurável do MBML, como primeira instituição cientifica do Espírito Santo e único museu de história natural do Estado, a importância de suas valiosas coleções cientificas, zoológicas e botânicas, e o significativo fluxo de visitantes que ele atrai, às dezenas de milhares, todos os anos.

E destacou que, mesmo lidando com as dificuldades típicas dos museus, o Mello Leitão tornou-se uma referência nacional em pesquisa sobre a Mata Atlântica. Entre os títulos recebidos, está o de posto avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA), polo de educação ambiental da Mata Atlântica, além de premiações importantes, como o Prêmio Ford de Conservação Ambiental.

Relatando, sucintamente, as causas que levaram à atual situação de insegurança institucional e jurídica, enfatizou o fato de que a Lei 12.954/2014, ao criar o Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), estabeleceu a extinção do MBML e a alienação de seu patrimônio ao INMA, que, no entanto, não foi regulamentado, nem teve sua dotação orçamentária aprovada.

“Uma pergunta que eu me faço: por que nós precisamos acabar com a nossa própria história para criar um instituto nacional? Um não pode se beneficiar do outro?”, questiona Piero.

Criticando o grupo de cientistas que, por meio do MoveINMA, defende a regulamentação da lei como solução, o biólogo rebate com argumentos da própria lei, que determina a disponibilização de um fundo orçamentário para então proceder a regulamentação. “Eles defendem que, após a regulamentação e extinção efetiva do Museu, seja feito um trabalho de resgate da sua identidade e da sua história”. Sua proposta, no entanto, é que, primeiramente, a lei seja modificada, no sentido de criar, sim, o Instituto, mas também reinstitucionalizar o Museu, propiciando uma colaboração mútua entre as duas instituições.

Ao apelo final, feito aos parlamentares, “não deixemos que a história seja apagada”, recebeu o pedido de disponibilização da documentação sobre o caso para que sejam estudadas formas de colaborar. “Me surpreendeu a situação que o museu está vivendo. A sociedade percebeu claramente que nós não podemos ser omissos”, afirmou a deputada Luzia Toledo (PMDB), à qual se seguiram outras manifestações de apoio de Padre Honório (PT) e Sergio Majeski (PSDB).

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