O deputado estadual Sérgio Majeski (PSDB) publicou uma longa carta nas redes sociais na noite dessa segunda-feira (12), explicando os motivos o que o levaram a declarar apoio para a reeleição do prefeito de Vitória Luciano Rezende (PPS). Os motivos do tucano são pragmáticos e se colocam de forma estratégica na geopolítica que divide a política no Estado entre os grupos do governador Paulo Hartung (PMDB) e do ex-governador Renato Casagrande (PSB).
Essas articulações são pormenorizadas no texto, deixando claro que a escolha não se limita ao melhor para a cidade de Vitória, mas define o papel do deputado na disputa política mais ampla, que culminará no processo eleitoral de 2018, quando a sucessão estadual estará em jogo e um novo embate entre os grupos de Hartung e Casagrande é esperado pela classe política.
???Dos três candidatos que aparecem mais bem colocados na disputa em Vitória, dois [Lelo Coimbra (PMDB) e Amaro Neto (SD)] têm a marca do Palácio Anchieta. E tem o atual prefeito Luciano Rezende, apoiado pelo ex-governador Casagrande. Não é segredo para ninguém que o ex-governador é, atualmente, o grande desafeto e rival do atual governador, e que Luciano também não é santo da devoção de Hartung. Logo, para o atual mandatário do ES, derrotar Luciano seria o mesmo que ???matar dois coelhos com uma cajadada só???, escreve o deputado estadual ao ratificar seu apoio político ao prefeito.
Para Majeski, além da disputa pela prefeitura de Vitória está em jogo também as eleições de 2018. Uma derrota dos candidatos apoiados pelo governador, para o deputado, poderia ser tomada como um indicativo do grau de insatisfação da população com seu governo e uma projeção para 2018. ???Lembrando que o desempenho de Hartung nas eleições de 2014, na Grande Vitória, não foi bom. Perdeu para Casagrande em Serra e Vila Velha (os dois maiores colégios eleitorais do Estado) e em Vitória ganhou com uma margem muito pequena em relação ao seu adversário???, afirmou.
O deputado deixa claro na declaração de apoio a Luciano, que sua decisão não é incondicional e que tem crítica a atual gestão do prefeito Luciano Rezende, mas que o momento político requer uma posição do tucano e que no cenário apresentado, o nome que mais atende a essa leitura da geopolítica é o do prefeito. O apoio também demanda sugestões em uma eventual reeleição de Luciano.
???Uma vez reeleito, Luciano terá mais quatro anos para ajustar algumas coisas e fazer outras que não foram feitas. Em conversas com o próprio, senti essa disposição nele. Luciano precisa estar aberto as críticas da população e reconhecer que falhou em alguns pontos, mas com sua experiência, seu caráter e sua grande capacidade como gestor, ele reúne todas as condições de melhorar ou acertar nos pontos onde falhou ou deixou de atuar de forma mais efetiva, e iremos contribuir com isso com nosso apoio, sugestões e críticas???, disse.
Ele finaliza o documento explicando o porquê de não apoiar o palanque que tem um tucano na vice, no caso, o palanque de Lelo Coimbra com Wesley Goggi ao lado. O deputado afirma que esse processo não foi construído democraticamente no PSDB. ???Na época em que a composição PMDB-PSDB foi anunciada, essa notícia chegou-me pelos jornais, não fui comunicado dessa decisão, quanto menos consultado ou participado disso. E não acredito que essa composição seja o melhor para a cidade de Vitória???, afirmou.
O deputado explica ainda que sua escolha não significa sua adesão a um dos grupos políticos e sim, uma aliança, circunstancial, pensando no momento político e no melhor para a cidade.